No Rio de Janeiro

Desaparecimento de crianças em Belford Roxo continua sem solução

Famílias dos três meninos participaram de reunião com a secretaria estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, e ouviram promessas da ministra Damares Alves

TVT/Reprodução
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Diante da falta de respostas das autoridades e da angústia e o sofrimento causado pelo caso, organizações cobram do Estado celeridade nas investigações

São Paulo – A Polícia Civil do Rio de Janeiro ainda não tem informações sobre o paradeiro das três crianças desaparecidas em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, desde 27 de dezembro. Sem notícias há quase 40 dias, as famílias de Lucas Matheus, Alexandre da Silva e Fernando Henrique Soares, que têm entre 8 a 10 anos, foram recebidas nesta quarta-feira (3) pela secretaria estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. 

De acordo com o secretário, Bruno Dauaire, o intuito do encontro era entender cada caso para “colocar a nossa secretaria, os órgãos do governo e do Estado ao lado dessas pessoas”. A pasta prometeu que uma estrutura de transporte ia ser realizada para que as famílias das crianças tenham acesso a uma equipe de atendimento multidisciplinar. “O principal objetivo deles aqui é encontrar esses meninos que estão desaparecidos. Mas numa conversa mais íntima com os familiares, a gente percebeu que faltam muitas coisas a essas famílias, que muitas vezes estão desempregadas e sequer possuem o que comer em casa”, afirmou Dauaire à repórter Viviane Nascimento do Seu Jornal, da TVT

Por meio de uma chamada de vídeo, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, falou com os familiares e prometeu enviar representantes para acompanhar o caso no Rio. Segundo o secretário, eles estão tentando negociar com as famílias a saída da comunidade Castelar, assim como ajudá-los em sua proteção. “São muitos casos de pessoas desaparecidas que às vezes extrapolam até mais que o número de homicídios dolosos. Então, é um problema grave no estado do Rio”, completou Dauaire. 

Pressão das entidades

As promessas feitas às famílias das crianças respondem em parte à pressão de entidades negras e que estão na luta pelos direitos humanos. Diante da falta de respostas das autoridades e da angústia e o sofrimento causado pelo caso, as organizações cobram celeridade nas investigações e a oferta de suporte jurídico, psíquico e financeiro às famílias. 

Mais de 50 entidades, entre elas, a ONG Conectas Direitos Humanos, o Instituto Marielle Franco e a Coalização Negra por Direitos, lançaram uma carta pública cobrando também a divulgação e transparência dos dados de desaparecidos, além de políticas públicas de promoção de justiça social nos municípios do Rio, em especial na Baixada Fluminense. 

As investigações 

Até o momento, apenas um suspeito pelo sumiço foi preso no dia 12 de janeiro. Ele é vizinho das crianças e foi apontado pelos moradores de estar envolvido no caso. O homem chegou também a ser torturado pelo tráfico de drogas da região do Castelar. Na casa dele, roupas com sangue foram encontradas e entregues à polícia. O material passou por exame de DNA que, contudo, mostrou que o sangue não pertence aos três meninos. Mas ele acabou ficando preso após ser encontrado em seu celular material pornográfico infantil. 

As famílias dos três meninos também descartam a hipótese de que as crianças ainda estejam na comunidade. A avó de Lucas e Alexandre, que são primos, Silvia Regina da Silva, explica que “eles vivem na comunidade. Como é que eles iam estar dentro? Ali eu acho que eles não estão”, observou.  

Para a superintendente de Enfrentamento das Pessoas Desaparecidas, Jovita Belford, que há 17 anos procura pela filha Priscila, os casos de desaparecimento suscitam muitas teorias, mas trazem poucas provas. “Eu sei o que elas estão sentindo nessas primeiras horas. É a mesma dor, da mesma maneira que quando eles voltarem para a casa vai ser a mesma alegria, como se fosse a Priscila”, declarou a superintendente. 

Ao final do encontro, os familiares saíram com a esperança de que haja enfim uma solução para o caso. “Estou com muita fé que meus netos serão encontrados vivos”, reiterou a avó. Abatida, a mãe de Alexandre, Hana Jéssica, também ressaltou sua “esperança em encontrar eles”. 

Confira a reportagem da TVT

Redação: Clara Assunção – Edição: Helder Lima


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