Segurança do Crivella

Policiais do Rio vão para cima do Carnaval de rua no dia de abertura das festas

Guardas municipais jogaram bombas de gás lacrimogêneo contra multidão. Nas redes sociais, foliões relatam violência e perigos

Reprodução
Reprodução
Segundo foliões, resposta da guarda municipal foi desproporcional e causou tumulto e correira. Há relatos de feridos e desaparecidos

São Paulo – A abertura do carnaval do Rio de Janeiro neste domingo (12) terminou com bombas de gás lacrimogêneo lançadas por guardas municipais contra a multidão que se concentrava na praia de Copacabana, na Avenida Atlântica, zona sul da cidade. Cerca de uma hora depois de encerrado o Bloco da Favorita, que abriu o carnaval de rua, a GM iniciou a ação de dispersão com bombas, causando correria e tumulto até o Leme e imediações do Túnel Novo e Rio Sul, em Botafogo.

Mais de 300 mil pessoas, segundo a Empresa de Turismo do Município (Riotur), participavam da festa que, neste ano, terá 50 dias de comemorações. Nas redes sociais, foliões criticaram ação da Guarda Municipal e relataram excessos policiais, brigas, arrastões e tumulto.

“Não vão mais conseguir encaixotar o Carnaval”

“Policiais/guarda jogaram bomba em meio à multidão, multidão na qual continha jovens, crianças, recém-nascidos e etc… sem nenhum motivo, resolveram acabar com a festa, apenas”, sintetizou um internauta. “Mano, nunca mais, pprt (papo reto), fiquei bem no meio da confusão, nunca fiquei tão desesperada na minha vida, quase desmaiei com o cheiro forte do gás que soltaram”, comentou outra usuária do Twitter.

Imagens do local mostram uma multidão correndo da praia em direção ao Leme, com o barulho de bombas estourando ao fundo. Reportagem do O Globo, aponta que diversas pessoas começaram a passar mal por conta do efeito do gás. Entre elas, duas mulheres grávidas, segundou relatou Iago Gomes, que acompanhava a festa com um grupo de 12 pessoas que, “no desespero”, segundo ele, pularam uma grade de ferro que separava o público do palco.

“A gente só ouviu as bombas e viu a correria. Não tinha para onde ir, pensamos nas grávidas e decidimos pular. Foi tudo muito rápido”, contou Gomes ao jornal.

Em nota à imprensa, a Guarda Municipal disse que a ação foi em decorrência de um ataque de ambulantes, “que atiraram garrafas de vidro, pedras e outros objetos, quando os agentes atuavam para a liberação da via. A equipe precisou usar equipamentos de menor potencial ofensivo para conter o tumulto”, alegou a Guarda, que estava presente com 231 agentes no local.

Não há, até o o momento, o número oficial de civis feridos. Mas, segundo foliões, foram inúmeros, e há ainda jovens desaparecidos após a correria. Um agente ficou levemente lesionado, de acordo com a guarda. Pelo Twitter, um usuário criticou a ação de resposta da Guarda Municipal, considerada desproporcional. “Eu acho assim, se um grupo quis generalizar, resolvam com o grupo causador, não com uma praia inteira”, observou. “Saí antes da confusão e estou em pânico.”


Moradores de Copacabana ainda aproveitaram a repressão dos agentes e a correria para criticar a realização do Bloco da Favorita, conhecida por levar uma multidão de pessoas ao bairro nobre. No Twitter, uma internauta ironizou as críticas da população do bairro, que pede o fim da realização do bloco no local. “Coitada da elite privilegiada rica que mora de frente para o mar, tendo que aturar pobre querendo se divertir e tomando gás na cara, muito triste mesmo, chego a chorar”, contestou.


O bloco, no entanto, também vem sendo criticado pelo público, que diz não haver estrutura suficiente para a dimensão do evento. Até a semana passada, o evento estava impedido de ser realizado por conta de problemas na apresentação, mas, na quarta-feira (8), foi autorizado pela Polícia Militar. Em nota nas redes sociais, a organização disse que “não houve registro de violência ou intercorrência” durante a apresentação e responsabilizou a gestão do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos).

“Infelizmente após a apresentação do bloco, tivemos questões de segurança pública e ordenamento urbano que são de responsabilidade do Poder Público e fogem das atribuições da nossa empresa. Agradecemos e nos solidarizamos com o público, que merece lazer, cultura e segurança para ir e voltar dos eventos realizados em qualquer lugar da nossa cidade”.

 

Leia também

Últimas notícias