rio de janeiro

Testemunha da morte de Ágatha garante que não houve tiroteio

Motorista da kombi que levava a menina disse que disparos foram feitos por policial militar

ARQUIVO PESSOAL
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Delegado que investiga morte de Ágatha declarou que policiais que estavam no local do crime são testemunhas e não suspeitos

São Paulo – Ágatha Vitória Sales Félix, de oito anos, não foi morta num tiroteio e foi alvo de disparos que partiram de um policial. A afirmação é do motorista da Kombi em que a menina estava, na última sexta-feira (20), quando foi morta por um tiro de fuzil.  O motorista deu a declaração na tarde desta terça-feira (24), ao prestar depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). As informações são do Brasil de Fato.

“Não teve tiroteio nenhum”, afirmou ele. No domingo (23), durante o enterro de Ágatha, o motorista já havia declarado que os tiros partiram da arma de um policial militar. “Não houve tiroteio nenhum, foram dois disparos que ele deu. Falou que foi tiroteio de todos os lados. É mentira, é mentira!”.

Apesar disso, o delegado Daniel Rosa, da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) disse também nesta terça que os policiais que estavam no local em que Ágatha foi morta estão sendo ouvidos na condição de testemunhas e não de suspeitos.

A perícia está tendo algumas dificuldades para determinar o calibre específico da arma, segundo o delegado, pois o projétil colidiu com um material resistente, antes de atingir o corpo da menina. Nas últimas horas, a perícia está analisando pedaços fragmentados que foram encontrados no corpo de Ágatha. Ela foi morta no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio.

Nesta quarta-feira (25), os familiares e a mãe de Ágatha, que estava com a filha no momento dos disparos, prestarão depoimento. Até agora, 20 pessoas foram ouvidas. Além das testemunhas, a DH tem como provas a perícia dos automóveis. O delegado da DH disse que a investigação está ocorrendo sob sigilo, mas que na próxima terça-feira (1º), a polícia fará a reprodução simulada no local.

Os pais de Ágatha concederam uma entrevista à TV Globo, ontem, e pediram ao governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), o fim da política genocida que vem fazendo vítimas nas favelas cariocas. Até o momento, o governo Witzel tem o recorde de mortes, dos últimos 21 ano, provocadas pela ação de policiais em zonas periféricas da capital e do estado.

Segundo a reportagem de Eduardo Miranda, do Brasil de Fato, familiares rejeitaram o auxílio da secretaria estadual de Vitimização. O tio de Ágatha, Danilo Félix, disse que os pais da menina não querem receber nenhum tipo de recurso de Witzel, acrescentando que o enterro da menina foi realizado com dinheiro da família e do jornal comunitário A voz das Comunidades.