'reorganização'

‘O governador é covarde. O que acontece nas escolas de SP é sem precedentes’, diz Giannazi

Parlamentar promove audiência pública e estudantes lotam plenário Tiradentes, na Assembleia Legislativa de São Paulo, para debater crise provocada pela intervenção no sistema educacional paulista

RBA

Cerca de 70 alunos lotaram plenário ‘para conhecer mais a realidade’, segundo adolescente do ensino médio

São Paulo – O deputado Carlos Giannazi (Psol) promoveu hoje (12), na Assembleia Legislativa de São Paulo, audiência pública para debater com alunos da Escola Estadual João Ramalho, no centro de São Bernardo do Campo, o projeto de “reorganização” do ensino público do estado, promovida pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). O plenário Tiradentes ficou lotado com cerca de 70 alunos da escola do ABC.

Giannazi disse a jornalistas ter ficado “chocado” com a força policial mobilizada por Alckmin contra adolescentes que nada mais querem do que ficar em suas escolas ou ter o direito de uma educação digna. “Fiquei chocado ontem, na escola Fernão Dias (Pinheiros, zona oeste da capital) com o aparato policial. O governo usou a Força Tática, Tropa de Choque, mais de 200 policiais, todo o aparato repressivo do estado mobilizado contra 30 adolescentes que estão simplesmente lutando pela manutenção das vagas”, disse o parlamentar. “É um absurdo como o governador é covarde. Isso é sem precedentes e de uma covardia jamais vista aqui no estado.”

Presente na audiência, a adolescente Laís do Carmo Costa, do primeiro ano do ensino médio, disse que, na escola João Ramalho, a reorganização vai suprimir o ensino fundamental e só ficará o médio. “A gente veio aqui pra conhecer mais a realidade. Na nossa escola, a gente vai ter superlotação nas salas, porque além do nosso ensino médio, a gente vai receber alunos de outra escola”, contou. “A gente espera não mudar de escola, porque é difícil a adaptação. E a gente não sabe se vai ficar na escola até terminar o ensino médio lá ou se vai para outra escola.”

Giannazi ressalta a importância das escolas para as comunidades em que se localizam e aponta insensibilidade de Alckmin na sua política de educação. “O governador se esquece que a educação não pode ser pensada apenas do ponto de vista econômico. Tem que pensar que os alunos têm uma ligação afetiva com a escola, que ela faz parte do inconsciente coletivo de cada região. O governador mexeu nisso.”

O deputado defende a “ocupação política, democrática e pacífica” de todas as escolas fechadas pelo governo. Para ele, só a mobilização pode reverter o quadro. “Acho que, diante da mobilização e do desgaste da imagem, ele volta atrás. Ele voltou atrás em várias questões, como a do sigilo da Sabesp e do Metrô. Mas, com certeza, se não houvesse mobilização, teríamos um maior número de escolas fechadas.”