Combate à desigualdade

Depois de um ano, movimentos querem maior alcance do Juventude Viva

Um dos desafios apontados é garantir a qualificação profissional aos jovens alvo do programa

Marcelo Camargo/ABr

Foi realizada em Brasília uma audiência pública para discutir os resultados do primeiro ano do programa

São Paulo – O programa Juventude Viva, do governo federal, acaba de completar um ano de existência com o registro de avanços na inclusão de jovens da periferia, por meio de atividades culturais e educativas. Porém, movimentos sociais ainda veem a necessidade de avanço em áreas específicas. Uma delas, a aproximação do programa com os próprios movimentos.

Genival Oliveira Gonçalves, líder comunitário de Ceilândia, no Distrito Federal, disse ontem (3) à TVT que essa radiografia foi feita, mas que agora é preciso uma “tomografia computadorizada”, algo mais profundo. “A política pública tem esse desafio mas não sei se tem essa sensibilidade, por isso, o pressuposto do Juventude Viva é se unir aos movimentos sociais, aos atores sociais, para perceber a profundidade desse tema”, disse.

Na semana passada foi realizada em Brasília uma audiência pública organizada pela Comissão de Segurança Pública da Câmara para discutir os resultados do primeiro ano do programa. Um dos desafios apontados é garantir a qualificação profissional a estes jovens. “Nesta semana o Ministério do Desenvolvimento Social fez uma importante participação em relação ao Pronatec, em que situa no Juventude Viva de estados e municípios quais as demandas dos jovens para qualificação. Assim, os centros de juventude vão contribuir com o Pronatec fazendo busca ativa dos jovens para acessarem a política de qualificação. Sabemos que existe uma desinformação, estes jovens estão à margem da margem”, observou Gonçalves.

Experiência

A prefeitura de Embu das Artes aderiu ao Juventude Viva no início deste ano. O programa tem como objetivo reduzir a vulnerabilidade dos jovens brasileiros, criando oportunidades que assegurem a inclusão social, além do enfrentamento ao racismo institucional. Porém, antes da adesão, Embu já contava com o Centro de Referência da Juventude, que promove atividades culturais com a população jovem do município.

“É uma realidade marcada pela violência, sempre foi. Essa juventude tem dificuldades de acesso à cultura, à educação de qualidade, e isso marca a maneira que o jovem se insere na periferia”, disse Nilton Bispo, coordenador do centro.

Toda última sexta-feira do mês é realizado um sarau no centro de referência. “O centro pode influenciar muita gente a sair das drogas, a percorrer atividades culturais que fazem parte do cotidiano de São Paulo”, disse Renan Soares, estudante que frequenta o sarau.

Por meio da arte e cultura, jovens debatem e refletem no sarau sobre temas relacionados à juventude da periferia, como racismo e violência. Em 2012 das 90 mortes registradas em Embu das Artes, 63% eram negras e 43% eram jovens de 13 a 30 anos.

 

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