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Prefeitura de São Paulo vai negociar com moradores da favela do Moinho

Moradores obtiveram compromisso depois de marcharem pelo centro da cidade, desde a favela até a sede da prefeitura

Manifestantes projetaram vídeo em que Haddad ainda candidato promete regulação fundiária do terreno <span>(Danilo Ramos/RBA)</span>Manifestantes fecharam vários cruzamentos no caminho apresentando suas reivindicações à população <span>(Danilo Ramos/RBA)</span>A comunidade se concentrou na entrada da favela, sob o viaduto Engenheiro Orlando Murgel <span>(Danilo Ramos/RBA)</span>Manifestantes lembraram as outras comunidades atingias por incêndios até hoje não esclarecidos <span>(Danilo Ramos/RBA)</span>Na prefeitura, os moradores do Moinho foram recebidos pela secretaria de relações governamentais <span>(Danilo Ramos/RBA)</span>

São Paulo – O secretário adjunto de Relações Governamentais da prefeitura de São Paulo, José Pivatto, comprometeu-se a reunir-se com os moradores da favela do Moinho na próxima quinta-feira (11) para discutir suas reivindicações e avaliar a possibilidade de urbanização do local. O secretário-adjunto municipal de Habitação, Marco Antonio Biasi, o subprefeito da Sé, Marcos Barreto, e técnicos da Sabesp e da AES Eletropaulo também vão participar.

O compromisso foi firmado com uma comissão de dez moradores da comunidade, localizada embaixo do viaduto Orlando Murgel, na região central, recebida por Pivatto no fim de tarde de hoje (5), para discutir as reivindicações da comunidade, após estes realizarem uma marcha com cerca de 300 pessoas, que saiu da favela até a sede da prefeitura, no Viaduto do Chá, no centro.

Os moradores exigem a regulação fundiária do terreno, conforme prometido pelo prefeito Fernando Haddad durante a campanha eleitoral, garantindo a posse da terra aos ocupantes, e a urbanização do local, com instalação de rede de água, energia, esgoto e coleta de lixo. Além disso, querem a derrubada do muro construído em torno da área do primeiro incêndio, em 2011, e a instalação de equipamento de combate a incêndio. Outra reivindicação é o aumento do valor do auxílio-aluguel, hoje em R$ 450, que segundo os moradores é insuficiente para pagar custear a moradia na região central.

Ainda que tenham sido recebidos hoje, os moradores cobram que Haddad vá até a comunidade discutir as pautas e apresentar propostas à população. Os manifestantes projetaram, no muro da prefeitura, um vídeo do período eleitoral no qual o prefeito afirma que vai trabalhar para garantir a regulação do terreno. “Queremos que o prefeito assuma o compromisso feito em campanha, quando visitou nossa comunidade, e volte lá para dar satisfações aos moradores”, disse o presidente da Associação de Moradores do Moinho, Humberto Rocha, completando que “se não houver avanços na próxima quinta-feira, vamos realizar novos protestos”.

A maior preocupação dos moradores da favela no momento é o medo de remoção. A Secretaria Municipal de Habitação informou por meio de nota hoje que “não há nada definido para o local”. Mas pondera que “a área é titulada em nome da União, 100% cercada por trilhos, operados pela CPTM, sem qualquer utilização viável, a não ser para atividades ferroviárias decorrentes do funcionamento atual desse sistema”. Logo, a permanência dos moradores seria inviável.

Alessandra Moja, moradora da comunidade há 17 anos, hoje com 29, disse que se sente traída por essa atitude da prefeitura. “O Haddad disse que ia trabalhar pela comunidade. Disse que ainda não era prefeito, mas que se fosse ia trazer melhoria para nós”, afirmou. Alessandra afirma que aceita morar em outro local desde que não seja fora da região central. “Vivemos aqui há muito tempo, temos uma vida consolidada. E temos as nossas demandas atendidas aqui: escola, transporte, mercado, trabalho. Não dá para ir para quilômetros daqui”, disse.

A favela, que de acordo com Rocha chegou a ter 1.200 famílias, foi atingida por dois incêndios. O primeiro, em dezembro de 2011, deixou 600 pessoas desabrigadas e destruiu um terço da comunidade. O segundo ocorreu em setembro do ano passado e atingiu 80 barracos. Ao todo, a prefeitura cadastrou 810 famílias – metade delas está recebendo o auxílio. A gestão municipal afirma ter proposto que as pessoas se mudem para moradias definitivas, na região da ponte dos Remédios, que estão sendo construídas.