Protesto reúne 700 por mais verbas para creches e albergues em São Paulo

Trabalhadores de organizações sociais responsáveis por convênios com a prefeitura consideram que seria necessário investir R$ 1,5 bi na área, mas orçamento deve prever R$ 270 mi, menos de 20% do necessário

A manifestação reuniu 700 pessoas segundo a polícia militar e reivindicava mais recursos e investimento na área (Foto: Jéssica Souza/Rede Brasil Atual)

Os trabalhadores da assistência social da cidade de São Paulo (SP) realizaram nesta sexta-feira (13) um ato em frente à sede da prefeitura de São Paulo contra cortes de  verbas para o setor. A administração de Gilberto Kassab (DEM) não concede reajuste aos convênios firmados com organizações sociais há três anos. Além disso, há a expectativa de cortes no orçamento da área para o próximo ano.

A manifestação reuniu 700 pessoas segundo a polícia militar e reivindicava mais recursos e investimento na área. Apitos, tambores e carros de som deram o tom do protesto. Não foram registradas ocorrências policiais.

Creches, abrigos para pessoas em situação de rua (albergues) e outras entidades que ajudam pessoas com deficiência e jovens em situação de risco são mantidos, em sua maioria, por entidades privadas que mantêm convênios com a prefeitura.

Segundo o padre Jaime Crowe, presidente da ONG Sociedade dos Santos Mártires, a maioria dessas entidades conveniadas  trabalham com déficit no orçamento e isso torna o trabalho “insustentável” do ponto de vista financeiro. Há registros de organizações que fecharam as portas por falta de condições e outras adiam o encerramento das atividades por falta de verba para o pagamento de indenizações dos funcionários. “O encontro de hoje mostra o grito de desespero das entidades diante dessa situação”, completa o padre.

O orçamento para 2010 deve prever R$ 270 milhões para a assistência social, menos de 1% do total, de aproximadamente R$ 30 bilhões. A proposta ainda não foi entregue à Câmara Municipal. Para o Fórum de Assistência Social da Cidade de São Paulo o setor precisa receber em torno de R$ 1,5 bilhão para atender à demanda. Ou seja, deverá ser investido menos de 20% do necessário.

Para Sebastião Nicodemes, representante dos moradores em situação de rua, a administração Kassab, como outros prefeitos, está trabalhando para “limpar” a cidade e assim conseguir ser sede da Copa de 2014. A política higienista de Kassab é criticada desde o início da gestão em suas políticas para a região central da cidade, bem como bairros como a Luz, tratada como “Cracolândia” pela administração.

A manifestação teve apoio do Sindicatos dos Bancários, CUT e a participação dos vereadores Francisco Chagas (PT-SP) e do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).

No dia 24 de novembro haverá uma reunião no Instituto Pólis para avaliar o movimento e discutir as próximas ações. O Conselho Municipal de Assistência Social (Comas) não enviou representante oficial ao ato, mas alguns conselheiros participaram por conta própria.