Uma mulher de coragem

A corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Eliana Calmon, está sendo alvo de críticas, por ter afirmado em setembro que existem “bandidos escondidos atrás de toga”. O ataca aos […]

A corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Eliana Calmon, está sendo alvo de críticas, por ter afirmado em setembro que existem “bandidos escondidos atrás de toga”. O ataca aos colegas magistrados teve respostas duras e pesadas, inclusive do presidente do Supremo Tribunal Federal e do CNJ, o ministro Cezar Peluso.

Mas nem por isso a corregedora se calou. Muito pelo contrário, passou a ser vista como uma mulher de coragem, sem medo, enfrenta a corrupção com uma altivez impressionante, enquanto juízes deixam-se envolver num lamentável corporativismo sem muita razão de ser, como se o Judiciário brasileiro fosse realmente um poder exemplar.

Eliana Calmon Alves afirma que o Judiciário, é um “poder oligofrênico”, dividido entre uma cúpula que não soube se adaptar às mudanças impostas pela sociedade e os juristas de primeiro grau, recém-concursados, que carecem de maturidade para decidir. Muitos dos novos magistrados usariam o cargo como “balcão de negócios”. “Mas existem muitos que tentam aplicar a lei com bravura, embora precisem de orientação”, afirmou a corregedora em uma  entrevista ao jornal Correio Braziliense.

A corregedora Eliana Calmon tem razão? Dois meses depois das declarações polêmicas veio a notícia de que o CNJ investiga juízes suspeitos de grilagem de terra. As operações suspeitas envolvem um grupo de juízes em um esquema de compra e falsificação de documentos de áreas no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí e na divisa entre Bahia e Goiás. Tabelionatos e cartórios de registro de imóveis teriam participação na trama.

“Estão ocorrendo, pelas informações que estamos recebendo e que chegam em razão de denúncias, grilagem de terras que não valiam nada, que eram absolutamente inservíveis, e que hoje são riquíssimas com o agronegócio, com participação de magistrados”, acusou Eliana Calmon. De acordo com a ministra, as terras têm sido usadas para o cultivo de soja.