‘Tão Forte e Tão Perto’ mostra drama coletivo a partir de história de órfão

Cena do filme de Stephen Daldry indicado ao Oscar, com o garoto Thomas Horn e o consagrado ator Tom Hanks (Foto: ©Divulgação) Separe a caixa de lenços, pois será muito […]

Cena do filme de Stephen Daldry indicado ao Oscar, com o garoto Thomas Horn e o consagrado ator Tom Hanks (Foto: ©Divulgação)

Separe a caixa de lenços, pois será muito difícil não se emocionar com o marcante drama “Extremamente Alto e Incrivelmente Perto”, que estreia nesta sexta (23) nos cinemas brasileiros. O velho chavão “utilize o individual para retratar o coletivo” funciona muito bem nas mãos do diretor Stephen Daldry, que a partir da história de um garoto que perde o pai no atentado do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, traça um forte drama existencialista. Ao mesmo tempo em que o filme retrata muito bem a sociedade nova-iorquina, ele é também muito universal.

Conhecido pela direção de filmes como “Billy Elliot” (2000), “As Horas” (2002) e “O Leitor” (2008), o inglês Stephen Daldry se baseou no romance best-seller que tem o mesmo nome do filme e foi escrito pelo escritor norte-americano Jonathan Safran Foer, que é considerado uma das novas sensações da literatura dos Estados Unidos e esteve na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), em 2006. Eliminando uma série de detalhes do romance que poderiam se perder durante o longa-metragem, Daldry obtém um resultado conciso, mas profundo, e que prende o espectador desde o primeiro instante.

O filme começa com Oskar Schell, de 9 anos, numa atuação excelente de Thomas Horn, escondido no topo do seu guarda-roupa, narrando que vivia uma excelente relação com o pai (vivido por Tom Hanks), até perdê-lo no atentado do World Trade Center. Como era de se esperar, não sabendo lidar com a morte, o menino tenta estabelecer alguma relação com o pai, como se fosse uma grande aventura, a partir do momento em que encontra uma chave entre os pertences dele, que permanecem guardados, dentro de um envelope em que está escrito apenas “Black”.

Muito inteligente para sua faixa etária, Oskar resolve partir em busca de todas as pessoas com sobrenome Black, que encontra na lista telefônica. É quando ele passa a conhecer pessoas, como Abby Black (vivida pela sempre excelente Viola Davis), que também possuem dramas familiares, marcadas por fortes rompimentos e perdas. Nessa aventura, ele acaba envolvendo o locatário do apartamento de sua avó, vivido por Max Von Sydow, numa atuação indicada ao Oscar de melhor ator coadjuvante, que não fala, só se comunica através de uma caderneta e também perdeu os pais muito cedo.

A trama se desenvolve com muita força dramática a partir desses pontos. Mesmo mantendo a linearidade, com apenas alguns retornos no espaço temporal, ela possui uma série de reviravoltas e de acontecimentos surpreendentes, sendo que o mais relevante deles é o que fará, aos poucos, Oskar começar a aceitar melhor a morte do pai, provando que a vida sempre continua, e se reaproximar da mãe, Linda Schell, interpretada pela cada vez melhor Sandra Bullock.

Tudo é conduzido também pela excelente trilha musical desenvolvida pelo compositor Alexandre Desplat, atual vencedor do Oscar na categoria, por “O Discurso do Rei”.

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