Passa da hora de investigar os estranhos incêndios das favelas paulistana

Segundo uma nota publicada nesta terça-feira (11) no UOL, do mesmo grupo que edita a Folha de S.Paulo, o Ministério Público Paulista anunciou que vai investigar se a série de […]

Segundo uma nota publicada nesta terça-feira (11) no UOL, do mesmo grupo que edita a Folha de S.Paulo, o Ministério Público Paulista anunciou que vai investigar se a série de incêndios ocorridos desde janeiro deste ano em favelas da capital paulista têm relação com o interesse do setor privado ou do setor público em construir nas áreas de entorno dessas comunidades.

Diz a matéria que até agora, segundo a Defesa Civil municipal, foram 33 casos na cidade – sendo 15 desde julho. O número é 30% superior ao de todo o ano de 2011, quando 24 incêndios foram registrados. Os números dos bombeiros são maiores: segundo a corporação, a capital registrou 32 incêndios até o começo de setembro de 2012 ante 79 ocorrências durante o ano de 2011. A corporação, no entanto, contabiliza também pequenas ocorrências e comunidades com qualquer número de domicílios.

Estranhos incêndios

Há alguns anos o número de incêndios nas favelas de São Paulo vem crescendo assustadoramente. A situação chegou a tal ponto que, diante de tantas denúncias, o Ministério Público teve que abrir investigação para apurar se os incêndios são criminosos. Dois exemplos de incêndios muito estranhos foram os das favelas do Moinho e o que atingiu uma comunidade localizada no Morumbi, ambas localizadas na zona Sul paulistana. Em nenhum dos casos a causa do incêndio foi investigada, assim como aconteceu em dezenas de situações similares.

Sobre este dois incêndios um fato relevante é que nas duas favelas já estavam previstos processos de expulsão de moradores e desapropriações por conta das obras da chamada Operação Água Espraiada – que prevê a ampliação de uma já grande avenida e a criação de um parque. E que o incêndio facilitou o trabalho da prefeitura para expulsar a população do local.

É muita coincidência que diversas favelas, muitas delas próximas à região central, estejam sofrendo com incêndios, enquanto nas favelas na periferia poucas ocorrências do tipo são registrada. Mais que isso, se o Brasil todo tem favela, porque só as de São Paulo pegam fogo?

Parece até que estamos diante de uma política “higienista”, como acusam os movimentos sociais ligados à moradia e à cidadania. Parte desta política consiste em expulsar a população pobre de áreas próximas de onde estejam andamento as operações urbanas e entregar o espaço para grandes empresas do mercado imobiliário. Por isso, logo após cada incêndio a administração Kassab já inicia imediatamente a cadastrar as pessoas para receberem o bolsa-aluguel, uma forma de expulsá-las da área.

Demorou, mas parece que finalmente o Ministério público vai investigar o objetivo de tantos incêndios em favelas de São Paulo. Tomara que ponha um fim nessa segregação social na cidade de São Paulo.