‘O Libertino’ encerra temporada popular em São Paulo

Luciana Carnielli e Cassio Scapin, em cena de O Libertino, que faz duas últimas apresentações em São Paulo (©João Caldas Filho/divulgação) À primeira vista, o ator paulistano Cássio Scapin, baixinho […]

Luciana Carnielli e Cassio Scapin, em cena de O Libertino, que faz duas últimas apresentações em São Paulo (©João Caldas Filho/divulgação)

À primeira vista, o ator paulistano Cássio Scapin, baixinho e franzino, parece ter o tipo físico ideal para dar vida ao filósofo francês dos tempos do Iluminismo, no século XVIII, Denis Diderot. Porém, o que vale mesmo é a atuação tão convincente, que se confirma logo nos primeiros minutos do espetáculo “O Libertino”, que terá duas últimas sessões populares nesta sexta-feira (20), e domingo(22), no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. Quem levar agasalhos ou um quilo de elemento não perecível, paga apenas metade do ingresso.

A peça começa com um vídeo exibido na parede lateral direita do teatro, de modo um tanto desconfortável para o espectador. Nele, o ator Juca de Oliveira, tendo vários livros atrás de si, comenta a importância do filósofo francês, além de contextualizar o momento histórico em que ele atuou e algumas de suas características pessoais. É quando Cássio Scapin aparece no palco vestindo roupas íntimas, que logo trocará por um robe de chambre, com o qual permanecerá até o final, num palco, ocupado por duas portas, uma para a saída do quarto e outra que dá passagem para uma espécie de dispensa, uma cama, uma escrivaninha, um cavalete de pintor e muitos livros espalhados pelo chão.

O texto de Eric-Emmanuel Schmitt, adaptado e dirigido por Jô Soares, mostra o filósofo Denis Diderot sendo convidado para posar nu para uma pintora, bem interpretada por Luciana Carnieli, enquanto precisa preparar às pressas um verbete a respeito da moral para sua obra-prima, a “Encyclopédie”, escrita entre 1750 e 1772, por centenas de colaboradores. No final, ele encontra uma saída deslumbrante, a qual não pode ser revelada a fim de não estragar a surpresa. Mas até lá ele é assediado pela pintora e por uma adolescente amiga de sua filha, e precisa se ver com as crises sentimentais da filha e os lamentos da esposa, que não suporta mais ser traída.

O elenco aparece muito afiado e as gargalhadas são contagiantes. Porém, cansa um pouco o show de caretas feito por praticamente todo o elenco, infantilizando bastante o espetáculo. Nesse sentido, destaca-se Daniel Warren, como o desajeitado auxiliar de Diderot. Desse modo, se “O Libertino” não é uma obra-prima, está longe de ser algo enfadonho. Muito pelo contrário. Valorizando os diálogos e a utilização das palavras, ele é algo extremamente agradável para o espectador que deseja se divertir e se envolver com uma boa história por cerca de 90 minutos. Com certeza, a filosofia será vista de outro modo depois desse contato com a intimidade de um dos mais importantes pensadores do século XVIII.

 

Serviço
Peça “O Libertino” – Últimas apresentações
Sexta-feira, 20/7, às 21h30, e domingo, 22/7, às 19h – Ingressos R$30
Teatro Sérgio Cardoso – Rua Rui Barbosa, 153. Bela Vista. São Paulo/SP
T: (11) 4003-1212

 

 

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