No FSM, Brasil volta a pedir desculpas pela escravidão

São Paulo – Em sua participação na abertura da 11ª edição do Fórum Social Mundial, em Dacar, no Senegal, o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, […]

São Paulo – Em sua participação na abertura da 11ª edição do Fórum Social Mundial, em Dacar, no Senegal, o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, repetiu um gesto feito pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em algumas ocasiões (inclusive no Senegal, em 2005) e pediu desculpas pela escravidão.

“Como já disse o presidente Lula, venho pedir perdão aos irmãos africanos pelo processo de escravidão no Brasil”, disse Carvalho, provocando aplausos da plateia. Ele lembrou que o país avança para reconhecer sua ascendência histórica. “Para nosso orgulho, os afrodescendentes já são maioria da população brasileira.”

O ministro também reconheceu que a pobreza ainda é um problema que “envergonha e vitima milhões de brasileiros” e indicou que o combate à miséria seguirá como prioridade no atual governo. “Somos milhões de trabalhadores, estudantes, servidores públicos, todos com a esperança de que outro mundo é possível”, finalizou.

Sobre a crise institucional que afeta o mundo árabe e em especial o Egito, Carvalho preferiu a diplomacia. “O Brasil tem uma posição de cautela, observação e apoio à democracia”, disse, para explicar por que o país não fará pedidos pela saída imediata do presidente Hosni Mubarak.

Ainda em seu discurso de abertura, Gilberto Carvalho lembrou que o Brasil abrigou as primeiras edições do fórum, em Porto Alegre (RS), em 2001, onde se discutiram alternativas que, depois, se mostraram úteis no combate, por exemplo, à crise mundial.

“A crise nos levou a fugir do caminho imposto pelo FMI [Fundo Monetário Internacional] e outros órgãos, que levou à recessão e miséria”, disse Carvalho. “Era a fórmula da derrota. Mas vimos que nós podíamos encontrar o caminho verdadeiro, deixando de lado a cartilha neoliberal. Preferimos apostar no financiamento à produção e no consumo interno, que nos tirou da crise antes dos outros.”

Carvalho disse que o Brasil compareceu ao fórum para ouvir e partilhar experiências. De acordo com ele, “governo nenhum salva país algum” sem ouvir a sociedade. “A crise internacional só confirmou que era preciso estabelecer novas relações econômicas, sociais e políticas no mundo. E o fórum foi esse laboratório.”

Com agências