Nelson Rodrigues tem centenário lembrado com montagem ousada de ‘Vestido de Noiva’, no Rio
O dramaturgo e jornalista brasileiro Nelson Rodrigues, cujo centenário é comemorado este ano pelo país (Foto: Funarte/reprodução) Em dezembro de 1943, estreava, no Rio de Janeiro, um espetáculo que chocava […]
Publicado 23/03/2012 - 11h56
O dramaturgo e jornalista brasileiro Nelson Rodrigues, cujo centenário é comemorado este ano pelo país (Foto: Funarte/reprodução)
Em dezembro de 1943, estreava, no Rio de Janeiro, um espetáculo que chocava o público de então e revolucionava o teatro brasileiro. A peça “Vestido de Noiva”, escrita por Nelson Rodrigues, com direção do polonês Zbigniew Marian Ziembinski e encenação da companhia Os Comediantes, se tornou um marco do teatro moderno em função das inovações que trazia em cena, como a divisão em três planos (alucinação, memória e realidade), e, desse modo, a ausência do tempo cronológico; e a forte marcação da luz para diferenciar tempo e plano.
Quase setenta anos depois, “Vestido de Noiva” é remontado, pela companhia Circo de Estudos Dramáticos, numa estrutura com forma de octógono, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro, para celebrar o centenário do escritor, jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues. A estreia acontece nessa sexta-feira (23), numa sessão apenas para convidados. A nova montagem fica em cartaz até 6 de maio, com sessões de quarta-feira a domingo (confira abaixo).
A narrativa começa com o atropelamento de Alaíde e se passa no período em que ela é operada, misturando suas alucinações, quando conversa com a prostituta Madame Clessi, de quem encontra um diário, já que a casa onde acabara de se mudar abrigara um bordel durante 37 anos; e suas lembranças a respeito da luta com a irmã Lúcia pelo amor de Pedro.
Nessa nova montagem, o público é recebido pelo som de samba, entrando diretamente no plano da alucinação. O plano da memória ocorre em três platôs suspensos ao longo de uma escada que vai do palco até a abóboda da rotunda. E, a cerca de 6 metros de altura da arena, o plano da realidade transcorre numa estrutura que contorna o palco principal.
A nova montagem reúne também uma série de feras da dramaturgia. No elenco, estão Viviane Pasmanter, como Madame Clessi; Renata de Lélis, como Alaíde; e Sara Antunes, como Lúcia. Elas tiveram aula de parkour (mover-se entre obstáculos o mais rápido possível, usando só as habilidades do corpo) para conseguir se mover de forma eficaz pelos três planos.
O cenário leva a assinatura de André Cortez, que foi supervisionado por Daniela Thomas. O figurino é de Beth Filipecki e a iluminação de Ricardo Fujii.
Para acompanhar a nova montagem de “Vestido de Noiva”, haverá uma exposição multimídia, montada na parte inferior da estrutura, com oito telas com informações e imagens sobre o Rio de Janeiro, o ambiente político e as personalidades do período entre 1905 (época do bordel de Madame Clessi) e 1943, ano em que a peça foi escrita e estreou nos palcos cariocas.