Falta ‘mão pesada’ do Estado para conter uso de agrotóxicos, diz especialista

Pepe Vargas, ministro do Desenvolvimento Agrário, defende a disseminação de alternativas aos defensivos tóxicos (Foto: Lucas Duarte) Rio de Janeiro – O uso abusivo de agrotóxicos no Brasil ocupou boa […]

Pepe Vargas, ministro do Desenvolvimento Agrário, defende a disseminação de alternativas aos defensivos tóxicos (Foto: Lucas Duarte)

Rio de Janeiro – O uso abusivo de agrotóxicos no Brasil ocupou boa parte das discussões sobre segurança alimentar na Arena SocioAmbiental, promovida pelo governo brasileiro, paralelamente à Rio+20.

Para Renato Maluf, ex-presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e professor do Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRJ), o principal desafio é inibir o uso de agrotóxico pelas empresas monocultoras brasileiras.

“Há sim uma preocupação muito grande com o uso de agrotóxicos pela agricultura familiar, mas, por outro lado, a monocultura domina o uso de agrotóxicos e o que falta ali é a mão pesada do Estado”, defendeu, referindo-se à necessidade de controlar a qualidade, a procedência e a aplicação dos chamados defensivos químicos.

Para ele, o desafio é inibir o uso de produtos tóxicos, principalmente pela classe de exportadores mais antiga do Brasil, os monocultores. Renato afirma que só vê uma saída para a diminuição do uso de agrotóxicos quando o problema passar a ser discutido sob o prisma da saúde pois, para ele, a questão ambiental não desperta críticas suficientes por parte da sociedade para tirar o Brasil da liderança mundial do uso destes insumos na agricultura. “Vai ser por questões de saúde que discutiremos o problema. Estamos comendo veneno todos os dias”, lamentou.

O ministro de Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, também levantou questões relacionadas ao uso de agrotóxicos na agricultura. Vargas destacou as alternativas usados pelos agricultores familiares para evitar o seu uso, como a produção agroecológica e manejo sustentável do solo. O ministro ressaltou também a importância de o Brasil vetar o uso de produtos que já foram banidos em outros países. 

Na última segunda-feira (18), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou pesquisa sobre sustentabilidade no Brasil, fazendo destaque ao modelo de desenvolvimento da agricultura brasileira. Centrada em ganhos de produtividade, a atividade tem representado aumento crescente do uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos. “Apesar de aumentar a produtividade da agricultura, os agrotóxicos também podem apresentar danos ao meio ambiente e à saúde da população”, diz o texto da pesquisa.