Entenda por que o Brasil já é 4º no ranking da Fifa
Como o time de Felipão ganhou dois pontos e reassumiu a melhor posição entre os sul-americanos
Publicado 09/05/2014 - 08h19
A goleada do Brasil sobre a África do Sul rendeu dois pontos no ranking de seleções da Fifa, fazendo o time subir para a quarta posição entre as seleções de futebol do mundo. Uruguai e Colômbia caíram em março, abrindo espaço para a continuidade da escalada brasileira.
Depois de ocupar a 22ª colocação em junho de 2013, antes da participação exitosa na Copa das Confederações, o time de Luiz Felipe Scolari vem subindo a ladeira. Os espanhóis continuam na ponta, seguidos de alemães e portugueses. A partir daí, Brasil, Colômbia, Uruguai e Argentina fazem um paredão sul-americano até a sétima posição. Entre as 20 melhores, há sete do continente americano e 13 europeus.
A próxima rodada do ranking será divulgada em 5 de junho, ainda antes do início do Mundial. No dia 3 de junho, o Brasil terá amistoso contra o todo-poderoso Panamá, na cidade de Goiânia, no primeiro de dois jogos preparatórios.
Confira a lista das 20 melhores seleções do ranking:
Pos. | Seleção | Pts | Variação Pos. | |
---|---|---|---|---|
1 | Espanha | 1.460 | 0 | ↔ |
2 | Alemanha | 1.340 | 0 | ↔ |
3 | Portugal | 1.245 | 0 | ↔ |
4 | Brasil | 1.210 | 2 | ↑ |
5 | Colômbia | 1.186 | -1 | ↓ |
6 | Uruguai | 1.181 | -1 | ↓ |
7 | Argentina | 1.178 | -1 | ↓ |
8 | Suíça | 1.161 | 0 | ↔ |
9 | Itália | 1.115 | 0 | ↔ |
10 | Grécia | 1.082 | 0 | ↔ |
11 | Inglaterra | 1.043 | 0 | ↔ |
12 | Bélgica | 1.039 | 0 | ↔ |
13 | Chile | 1.037 | 1 | ↑ |
14 | EUA | 1.015 | -1 | ↓ |
15 | Holanda | 967 | 0 | ↔ |
16 | França | 935 | 0 | ↔ |
17 | Ucrânia | 913 | 0 | ↔ |
18 | Rússia | 903 | 0 | ↔ |
19 | México | 877 | 0 | ↔ |
20 | Croácia | 871 | 0 | ↔ |
Mas por que Portugal, cuja melhor posição em Copas do Mundo foram dois terceiros lugares (1966 e 2006), está mais bem cotado do que nosso escrete pentacampeão?
Como funciona o tal ranking da Fifa e para que ele serve?
O Futepoca já se debruçou sobre o funcionamento do ranqueamento das seleções pela Fifa e repete a dose pelo bem das discussões de mesa de botequim, de fila de banco ou de dentro do ônibus. A entidade comandada de Joseph Blatter explica.
São consideradas as partidas disputadas em um período de quatro anos. Mas obviamente uma disputa entre Brasil e Espanha na final da Copa das Confederações tem peso estatístico diferente daquela peleja camarada entre Egito e Bósnia Herzegovina. Contam aí fatores como a importância dos contendores, do torneio disputado, a força regional dos rivais e a própria posição ocupada no ranking.
Pontos acumulados há quatro anos têm ainda fator de ponderação de 20%. Os de três anos, 30%. Os do ano passado, 50%. Os deste ano, valem 100%.
Para chegar ao número de pontos somados a cada jogo, a regra é clara (a fórmula, nem tanto):
P = M x I x T x C
Explicando os fatores multiplicados entre si na fórmula:
Fator M – esse é o mais fácil porque diz respeito ao resultado da partida. Vencedor ganha três pontos, empate vale um e derrota zero. Em caso de disputa de penalidades, o vitorioso ganha dois pontos e o perdedor, um.
Fator I – equivale à importância da partida. Amistoso ou torneios amistosos valem um 1 ponto; eliminatórias continentais (no caso da Euro) e eliminatórias da Copa do Mundo valem 2,5; torneios continentais e Copa das Confederações rendem 3 pontos; Copa do Mundo vale 4.
Fator T – é a força do adversário, calculada por outra formuleta: 200 menos a posição do rival no ranking, dividido por cem. O primeiro colocado foge à regra, pois em tese valeria 1,99 (200 menos 1), mas tem a pontuação máxima de 2. A partir da 150ª posição no ranking, todos valem 0,50 (menos que isso seria humilhação, né).
Fator C – esse é o fator que mede a força das confederações as quais pertencem as equipes, ponderando com mais precisão as contendas intercontinentais. O cálculo é feito a partir do desempenho das equipes de cada confederação nas últimas três Copas do Mundo. Assim, Uefa vale 1; Conmebol, 0,99; Concacaf, 0,88; a Confederação africana, a asiática e a da Oceania valem 0,85. Soma-se o fator dos dois rivais e divide-se por 2 para chegar ao valor do fator C.
Por exemplo:
Brasil venceu a África do Sul em um amistoso. Pela vitória, M=3. Pela irrelevância, I=1. Como a seleção do país sede da copa de 2010 ocupa a honrosa 65ª posição, T=135. Pela origem africana e sul-americana de cada um, C=0,925 (média aritmética entre 0,99 e 0,86).
P = 3 * 1 * 1,35 * 0,95 = 384,75
Essa foi a pontuação do Brasil por ter vencido os sul-africanos em março. Somando os pontos de cada partida jogada em quatro anos, com a depreciação de pontos em ritmo mais acelerado do que desvalorização de carro usado e fazendo a média, tem-se a pontuação final que aparece no ranking.
Pronto. Agora ninguém pode reclamar que os critérios não são claros.
Podem não ser triviais, mas a fórmula é essa. Seria um belo desafio para os participantes da Olimpíada de Matemática.
Mas será justa?