Em 2010, o clamor popular pedia que a dupla santista Neymar e Ganso, que havia feito sucesso no primeiro semestre com um futebol envolvente, fosse chamada pelo técnico Dunga para a seleção brasileira. O meia ainda ficou na lista dos sete suplentes, aqueles que podem ser chamados em caso de contusão de alguém., Neymar, nem isso. Hoje, em uma convocação que não atendeu a nenhum clamor – até porque não existia – ninguém sequer lembrava do camisa dez, hoje no São Paulo, que vai assistir do sofá seu ex-companheiro de equipe como estrela da companhia verde e amarela no Mundial.

Paulo Henrique Ganso foi convocado logo no primeiro amistoso de Mano Menezes. Viveu uma contusão séria e depois uma crise técnica no Santos, foi mal na Copa América de 2011 e, nos Jogos Olímpicos de 2012, viveu a inusitada situação de ser reserva no grupo de jovens que foi vice-campeão. Saiu de forma conturbada da Vila Belmiro e até hoje é olhado com desconfiança pelo torcedor do São Paulo, sua atual equipe. Em quatro anos, viu seu futebol murchar. Mas não é o único que em dado momento era tido como presença certa na Copa do Mundo e acabou perdendo terreno.

Se as Olimpíadas foram ruins para o meia são-paulino, outros também passaram por maus bocados no torneio. Alexandre Pato e Lucas ocuparam o banco durante boa parte do tempo. O jogador do Paris Saint-Germain ainda disputou a Copa das Confederações, mas perdeu espaço para Bernard. Sua má fase na equipe francesa não ajudou a convencer Felipão de que era um jogador útil – menos ainda de que seu futebol rivalizaria com o de Neymar, como comentava-se antes de sua ida para a Europa. Lentamente, foi sumindo da memória do torcedor. Pato sofreu com um futebol medíocre no Milan, não convenceu no Corinthians e hoje tenta se reencontrar no Morumbi. De promessa, se transformou em moeda de troca entre clubes rivais.

Leandro Damião aproveitou bem os Jogos de Londres, foi artilheiro da competição, mas também ficou fora da Copa. O jogador igualou Romário e Bebeto ao conseguir ser o principal goleador da competição, tem um estilo de jogo que sempre agradou a Scolari, mas sofreu uma contusão e foi desconvocado da Copa das Confederações. Substituído por Jô, que entrou bem em seu lugar, não se acertou mais no Internacional e teve em sua transferência para o Santos a oportunidade de convencer o treinador da seleção de que podia retornar em grande estilo. Sequer se firmou no Alvinegro, sendo principal alvo da torcida peixeira.

Dos remanescentes da eliminação do Mundial de 2010, Kaká, Elano e Robinho eram três dos principais candidatos a continuar na equipe. O ex são-paulino, então do Real Madrid, após se recuperar de uma contusão e decepcionar na África do Sul, voltou a ser convocado em 2011 por Mano Menezes e teve suas primeiras chances com Felipão em março do ano passado. Experimentou por muito tempo a reserva do Real até acertar seu retorno para o Milan e, ausente da convocação da Copa das Confederações, perdeu a oportunidade de fazer parte da “nova família Scolari” formada na competição.

O ocaso de Elano foi mais rápido. Convocado por Mano Menezes para a edição de 2011 da Copa América, se notabilizou não apenas pelo pênalti bizonhamente cobrado na disputa contra o Paraguai, mas também pelas suas atuações irregulares que não faziam ninguém lembrar porque se lamentou tanto sua contusão contra a seleção da Costa do Marfim no Mundial de 2010. Problemas extra campo o levaram a ser questionado no Santos, se transferiu para o Grêmio e depois para o Flamengo, mas o futebol jogado não fez merecer a lembrança de Felipão – ou do torcedor.

Robinho foi chamado na primeira convocação de Mano Menezes depois da Copa da África do Sul e também atuou com Felipão, fazendo boas pelejas contra Chile e Honduras. Um dos principais jogadores da Era Dunga, acabou preterido muito por conta do papel desempenhado no Milan, onde acompanha a má fase da equipe de Berlusconi. Não conseguiu disputar sua terceira Copa do Mundo seguida.

PS.: Para os mais jovens, a Viúva Porcina era uma personagem vivida por Regina Duarte na novela Roque Santeiro, de Dias Gomes e Aguinaldo Silva, exibida em 1985. Ficou conhecida como a que “foi, sem nunca ter sido”, pois não havia sido casada de fato com o protagonista da trama que, aliás, não havia morrido.