Diário do Bolso

Diário, aqui em você não tem sensura. Mas no Enem tem!

Diário, fis a minha parte. O Enem está ficando com a minha cara. Os jovens do futuro seram inteligentes igual que eu. E logo vão parar de fazer um erro por parágrafo

Via @diáriodobolso
Via @diáriodobolso

O treco começa amanhã. E finalmente vai ter a cara do governo. Ou seje, a minha. Meu peçoal sensurou um monte de cuestões. E isso já vem desde 2019. Tanto que esses dias aí, aquela revista que tem nome de um estado, não lembro se é ceará ou pernambuco, vazou que naquele ano nós sensuramos 66 cuestões.

E agora, em 2021, 37 servidores pediram demição. Mas e daí? Quanto menos comunista melhor. Eles acusaram o Danilo Dupas, presidente do Inep (se ele trabalha no Inep é um inepto?) de assédio moral, de interferir no exame e de não respeitar as decizões técnicas.

Mas esses servidores são todos canhotos. Tanto que a gente até mandou um policial federal entrar na sala segura do Enem. Mas o Inep já decretou sijilo na investigação do caso. Vamos sensurar a sensura à sensura, talkei?


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Quer saber quem a gente sensurou?

Sabe a Mafalda, aquela menina canhota? Sensurada

Madonna, aquela cantora que fala de jovem grávida? Sensurada.

O poema de um tal de Ferreira Goulart sobre o golpe de 64? Sensurado.

Chamar o golpe de golpe? Sensurado.

Laerte, aquele cartunista que virou mulher? Sensurado.

Leminski? Com esse nome deve ser ruço. Sensurado!

Chico Buarque de Holanda, que devia se chamar Chico Buarque de Cuba? Sensurado.

Falou de HIV, presídio, doença, escravidão, violência policial? Tudo sensurado. Vamos falar de coisas bonitas, pô! Por que não fazem uma pergunta sobre a Michelle? Só não pode ser aquele que todo mundo faz. Aliás, se usar o número 89 na prova, sensurado!

Palestina? Feminismo? Religião? Maioridade penal? Pra que polêmica? Sensurado!

Tinha uma questão sobre canibalismo entre animais. O que a gente fez? Sensurou. Vai que os jovens leem isso e começão a se comer.

Tinha uma cuestão sobre um menino de 5 anos que disparou um fuzil sem querer e se matou. O que a gente fez? Sensurou. Se ainda fosse sobre a necessidade de se encinar as crianças a mecherem em armas, tudo bem.

Em fim, Diário, fis a minha parte. O Enem está ficando com a minha cara. Os jovens do futuro seram inteligentes igual que eu. E logo vão parar de fazer um erro por parágrafo.


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