Diário do Bolso

Sério, Diário, eu ‘tava doidão’. Pergunta pros meus advogados

Eu ia falar outra coisa na Polícia Federal, porque sou um cara coerente, pô. Me enrolei. Morfina da boa confunde a gente

Foto: Marcelo Camargo/ABr - Arte: RBA
Foto: Marcelo Camargo/ABr - Arte: RBA

Diário, ontem foi um dia terrível. Tive que ir até a Polícia Federal dar depoimento. Toda vez que eu entro numa sede da PF, me dá um frio na espinha, porque eu penso: “Será que é hoje que vão me prender?”.

Mal eu cheguei lá e os caras já perguntaram por causa de quê que foi que eu postei no meu Feicebuque a fala de um promotor lá do Mato Grosso, apoiador meu, que dizia que as urnas eletrônicas podiam ser fraudadas.

Eu pensei em responder assim:

– Não tá na cara? Vocês são burros ou o quê? Eu postei porque o pessoal acredita em qualquer coisa que eu falo e espalha tudo o que eu compartilho, então achei bom colocar aquele vídeo lá no Feice. Sou um cara coerente, pô! Desde o começo do meu governo eu ataco as urnas eletrônicas, mesmo tendo sido eleito um monte de vezes por aquela joça, inclusive na eleição de 2018. E eu fiz isso porque queria dar a impressão de que a eleição de 2022, se eu perdesse, tinha sido roubada. Assim eu ia manter a minha base mobilizada, com ódio do PT, do Lula e do STF. A minha ideia era gerar uma grande instabilidade, aí a gente dava um golpe e eu voltava pra presidência. Eu já falei não sei quantas vezes que sou a favor do golpe, mas ainda tem gente que faz de conta que não acredita. Os meus apoiadores sabem disso e gostam. E, na verdade, o que o promotor falou é mais ou menos o que eu disse praqueles embaixadores. Eu sei que é tudo mentira e que as urnas são seguras, mas não dá pra fazer política sem mentir, talkei?

Mas os meus advogados pediram para eu falar outra coisa. Então eu disse assim:

– Foi mal, eu tava doidão.

E eles perguntaram:

– Como assim, doidão, senhor presidente?

– Eu estava no hospital e tinha tomado medicação para dor. Aí, em vez de salvar o vídeo no whatsapp, publiquei no Feicebuque.

– O senhor errou as duas coisas ao mesmo tempo? A rede social e a ação que pretendia fazer?

– Era uma morfina da boa. Confunde a gente.

– Então, em resumo, o senhor postou sem querer?

Aí eu armei a melhor cara de pau que eu podia fazer e disse:

– Isso mesmo, sem querer.

Mas, quando eu tava saindo da sala, eu me lembrei do Chaves e disse baixinho:

– Sem querer, querendo.

Kkk!

No Facebook: @DiariodoBolso


Torero