Marcelinho da Lua reúne seleção de sua obra em novo CD

“Seja bem-vindo a este mundo singular, um lugar de amigos, música e muito amor. Aqui tudo acontece como fumaça, que você sente, você vê, você sabe que há fogo, porque […]

“Seja bem-vindo a este mundo singular, um lugar de amigos, música e muito amor. Aqui tudo acontece como fumaça, que você sente, você vê, você sabe que há fogo, porque há movimento e dança no ar. Entretanto, ela se dissipa e deixa na sua cabeça uma imagem randômica. Esse é o nosso som”. Assim Marcelinho da Lua apresenta o recém-lançado álbum “Viagem ao Mundo Da Lua”, que reúne o que o mestre da música eletrônica realizou nos dois álbuns lançados até aqui – “Tranquilo”, de 2003; e “Social”, de 2005. 

A proposta de Marcelinho da Lua parece fica explícita na letra de “Fundamental”, composta com BNegão, que também participa da gravação: “Vamos ‘simbora’ então / Segura, se liga no som / Seguindo no balanço da situação / Na tradição do canto falado / Mantenho mixado / Tudo que foi escutado, tudo que foi captado / De outros tempos, outras mudanças pelo planeta / Tambores que ressoam na minha cabeça / A baqueta escreve a história / Que eu batuco com a minha caneta agora”. 

O disco começa justamente com a gravação que deixou Marcelinho Da Lua mais conhecido, “Cotidiano”, de Chico Buarque, que conta com a interpretação de Seu Jorge. Essa faixa marcou o DJ como um craque na arte de remixar clássicos da música popular brasileira. É o que também acontece com “Refazenda”, de Gilberto Gil, com Mart’nália; e “Essa Moça Tá Diferente”, do mesmo Chico Buarque, com Simoninha e a banda Bossacucanova, da qual Da Lua faz parte. O próprio Chico Buarque participa de outra composição dele, “Tipo Um Baião”. 

A Bossacucanova também aparece em “Previsão”, composta por Marcio Menescal, Alexandre Moreira, Marcelinho da Lua e Adriana Calcanhotto, que faz uma participação especial na canção: “Pode sambar, pode esquecer / Na orgia a sua vida / Até amanhecer / Pode girar, enlouquecer / Madrugada afora na batida”.

Vale muito a pena prestar atenção na participação de Gaby Amarantos num dos clássicos brasileiros mais gravados internacionalmente – “Águas de Março”, de Tom Jobim, que conta também com João Brasil. Por falar em Bossa Nova, outro mestre do estilo, Roberto Menescal, presta uma homenagem à Marcelinho da Lua, na instrumental “Pro Marcelinho Tocar”. Outro destaque é “Vô Batê Pa Tu”, que fez grande sucesso na década de 70, com Baiano e os Novos Caetanos, dupla formada por Chico Anysio e Arnaud Rodrigues, compositor da canção junto com Orlandivo, que participa dessa nova gravação do DJ carioca.

O álbum ainda conta com o reggae “Tranquilo”, parceria de Marcelinho da Lua com Black Alien, que participa da faixa junto com Bi Ribeiro, e que começa com letra em inglês; e com “Que Baque é Esse”, de Lenine, com Daniela Mercury: “Ô, nega, que baque é esse? / Chegou pra me baquear / Nega, tu não se avexe / Meu corpo remexe / Sem se perguntar por quê”.

Portanto, com o incrível projeto gráfico de Rony Correa (Lastudio) e ilustrações de Donida, que remete às histórias em quadrinhos, “Viagem ao Mundo da Lua” mostra como é possível retrabalhar clássicos da música brasileira com muita criatividade, obtendo dela uma obra extrema original. Não é à toa que Marcelinho da Lua conseguiu, ao longo da carreira, se juntar a grandes intérpretes e compositores.

[email protected]