Marlene Dietrich tem pernas, charme e garra lembrados em espetáculo brasileiro
A atriz Sylvia Bandeira é Marlene Dietrich, cartaz do circuito teatral de São Paulo (©Adelson Brasil/divulgação) A atriz alemã Marlene Dietrich nasceu em Schöneberg, um distrito de Berlim, em 27 […]
Publicado 25/04/2012 - 16h16
A atriz Sylvia Bandeira é Marlene Dietrich, cartaz do circuito teatral de São Paulo (©Adelson Brasil/divulgação)
A atriz alemã Marlene Dietrich nasceu em Schöneberg, um distrito de Berlim, em 27 de dezembro de 1901 e se tornou uma das maiores artistas do país, como cantora e atriz de cinema e teatro, até se exilar nos Estados Unidos, durante o nazismo, e se naturalizar norte-americana. Dez anos após sua morte, em 6 de maio de 1992, um dos maiores mitos do século XX tem sua história contada no musical brasileiro “Marlene Dietrich As Pernas do Século”, de Aimar Labaki, direção de William Pereira e atuação de Sylvia Bandeira, que está em cartaz no Teatro Nair Bello, em São Paulo, às sextas-feiras, 21h30, aos sábados, 21hs, e aos domingos, 18hs, até 27 de maio.
O espetáculo mistura vários tempos narrativos. Um deles é aquele em que a peça é encenada e os narradores contam histórias para o público. Outro é 1991, um ano antes de Marlene Dietrich morrer em Paris, na França, com ela devidamente instalada num apartamento da cidade e contando histórias para um entregador de supermercado. Também há aquele em que os fatos são mostrados no instante em que ocorrem. O interessante é que, na maior parte do espetáculo, o que se tem é o ponto de vista da própria artista. E, para não confundir o espectador, a iluminação criada por Paulo Cesar Medeiros, a cenografia do diretor William Pereira e o visagismo de Beto Carramanhos tornam-se fundamentais e obtêm ótimos resultados.
No canto esquerdo do palco, há detalhes de uma sala, onde está devidamente instalada Marlene Dietrich. No canto direito, os músicos Roberto Bahal (piano), Vinícius Carvalho (clarinete) e Luciano Correa (violoncelo). E o centro fica vazio para não atrapalhar a visão do telão devidamente instalado no fundo do palco e que tem imagens projetadas sobre ele, mostrando a atriz e outros fatos históricos que fazem parte da narrativa.
Além de ter ficado famosa em função de suas lindas pernas, que desviavam o olhar do espectador, no filme “O Anjo Azul” (1930), de Josef Von Sternberg, Marlene Dietrich era uma mulher bastante avançada para sua época – não acreditava no feminismo, pois não concordava em se lutar por algo que ela já possuía – e não teve dúvidas quando precisou se posicionar politicamente. Mesmo não ter escapado das críticas da irmã por ter abandonado a Alemanha, ela se ofereceu para cantar para os soldados norte-americanos durante a Segunda Guerra Mundial, ao mesmo tempo em que sofria em ver sua cidade-natal ser bombardeada.
Marlene Dietrich foi musa de muitos pintores e compositores, tornou-se um dos maiores mitos sexuais de todos os tempos se envolveu com vários artistas famosos de sua época, como os romancistas Erich Maria Remarque e Ernest Hemingway, os compositores e cantores Burt Bacharach, Frank Sinatra e Cole Porter e os atores Jean Gabin, Gary Cooper e Yul Bryner. Boa parte deles muito bem interpretada por Marciah Luna Cabral, José Mauro Brant e Silvio Ferrari.
Sylvia Bandeira está estupenda como Marlene Dietrich, tanto que foi indicada ao Prêmio Shell e ganhou o Prêmio ALERJ (Heloneida Studart) de melhor atriz. Há vários momentos marcantes que mereciam ser destacados aqui, mas o encontro e a troca de elogios entre ela e Edith Piaf são inesquecíveis, assim como o tango coreografado por Paulo Masoni.
Também merecem destaque as interpretações dos eternamente clássicos “Lili Marlene”, “Ne Me Quittes Pas”, “Non , Je Ne Regrette Rien”, “Falling In Love Again”, “La Vie en Rose” e “The Laziest Gal In Town”, entre outras. Há direito até a uma interpretação emocionada da brasileira “Luar do Sertão”, de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco.