Zé Renato reúne amigos e retrata natureza no CD ‘Breves Minutos’

Capa do novo disco do músico Zé Renato, o 17º de sua carreira (©Reprodução) Não é de hoje que o músico, cantor e compositor capixaba Zé Renato mantém fortes ligações […]

Capa do novo disco do músico Zé Renato, o 17º de sua carreira (©Reprodução)

Não é de hoje que o músico, cantor e compositor capixaba Zé Renato mantém fortes ligações com as tradições da música popular brasileira. Ex-integrante do grupo Boca Livre, ele acaba de lançar o 17º álbum  de sua carreira, “Breves Minutos”, em que reencontra velhos amigos como Joyce, Pedro Luís e Toninho Horta, e os parceiros de composições Lula Queiroga, Ivan Santos e Juca Filho, um dos autores do clássico “Toada (Na Direção do Dia)”. Os músicos que o acompanham também são de primeiríssima linha e há canções produzidas com Ricardo Silveira e Dé Palmeira, ex-Barão Vermelho.

O álbum começa com “Sweet Gil”, que retoma a linha dos vocalizes consagrados por conjuntos do início da década de 1980, como o próprio Boca Livre. Na seguinte, “Um Abraço no Japão”, parceria com Joyce, estabelece-se uma ligação direta com o álbum anterior, “Papo de Passarim”, lançado também neste ano e dividido com Renato Braz: “Ê matita perê / Traz notícias do povo de lá / Que eu quero saber / Chama uirapuru, sabiá / Saíra e tié / Passarinho de todo lugar”. O passarinho, no caso quero-quero, aparece também na doce “Na Trilha do Meu Sonho”, parceria com Pedro Luís, do grupo carioca Pedro Luís e a Parede. 

Pedro Luis é co-autor de “Imbora”, que recupera as influências rurais: “Eta mundo besta sem porteira / Ou solução / Situação não tá pra brincadeira / Tanto nó pra desfazer / Tanto blue no coração / Mas o mundo tem merecimento”. A candura segue em “Tá Legal”, outra parceria com Joyce, que conta com a participação especial de Toninho Horta. A cantora e Zé Renato também dividem a autoria de “Desarmonia”, que parece dialogar com canções de Vinicius de Moraes e o “Samba do Grande Amor”, de Chico Buarque.

Uma das melhores canções é “A Cor do Anel de Isabel”, composta com Lula Queiroga, que começa enigmática, com teclado e instrumentos de percussão, ganha uma alegria irresistível e é de onde foi retirado o título do álbum: “Isso pra mim era o céu / Diamântico de amor / Hoje eu conto nos dedos / Os breves minutos / Que o nosso romance / Durou”. O clima épico também aparece em “Água Pra Quê”, de Zé Renato e Ivan Santos, que conta com arranjo e regência de cordas de Jacques Morelenbaum, e começa com as crianças Lina e Benjamin lendo trechos da “Declaração Universal dos Direitos da Água”.

Mas a música que melhor parece traduzir o espírito do álbum é “De Onde É Que Vem a Saudade?”, outra parceria com Joyce, que mistura certo tom enigmático, pontuado pelo sax de Zé Nogueira, o vibrafone de Arthur Dutra, o órgão de Marcos Nimrichter, com a candura do violão do próprio Zé Renato, da bateria de Tutty Moreno e do baixo de Jorge Helder. “Mas de onde é que vem a saudade/ Nasce de um mistério qualquer / Não me dá tristeza / Por um minuto sequer”, entrega a letra.

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