Toquinho lança primeiro álbum inédito depois de oito anos

Com 65 anos recém-completados, o cantor, violonista e compositor Toquinho não lançava um álbum com canções inéditas há oito anos e retorna com um álbum bastante diversificado, “Quem viver, verá”. […]

Com 65 anos recém-completados, o cantor, violonista e compositor Toquinho não lançava um álbum com canções inéditas há oito anos e retorna com um álbum bastante diversificado, “Quem viver, verá”. Antes mesmo de chegar às lojas, ele já havia chamado atenção em função de um aparentemente inesperado dueto com Ivete Sangalo – alvo de críticas por parte do público e da imprensa musical.

Porém, quero ver quem será capaz de criticar o irresistível frevo “Quero Você”, que já nasce pronta para estourar no carnaval país afora: “Sem papo cabeça, nem culpas no ar / Eu como sou, você como é / Que tudo aconteça e acontecerá / Mesmo se Deus não quiser”.

Também inesperada e de rara beleza é o encontro de Toquinho com Zeca Pagodinho no para lá de clássico “Regra Três”, composta com Vinicius de Moraes e que o sambista carioca fez questão de cantar. Chegou a ser oferecido para ele um dueto no clássico “Antonico”, de Ismael Silva, que o cantor paulista interpreta sozinho, mas de modo igualmente encantador a saborosa carta: “Ô Antonico / Vou lhe pedir um favor / Que só depende da sua boa vontade / É necessário uma viração pro Nestor / Que está vivendo em grande dificuldade / Ele está mesmo dançando na corda bamba / Ele é aquele que na escola de samba / Toca cuíca, toca surdo e tamborim / Faça por ele como se fosse por mim”.

O “poetinha” aparece também em “Romeu e Julieta”, uma parceria que permanecera inédita até hoje, pois havia desaparecido até ser entregue por uma senhora no Clube Paulistano. “…”, descrevia o poeta. Ele também é homenageado em “Meu Canto”, parceria com Carlinhos Vergueiro e espécie de auto-retrato do violonista paulista: “Canto Ataulfo, Ismael, Noel, Cartola / Com as bênçãos de Vinicius de Moraes / Canto o grande amor e a dor da despedida / Todas as maneiras de amar”. 

“Romeu e Julieta” conta com a participação especial da cantora Anna Setton, presente também em “Porta do Infinito”, composta com Jade Pecci: “Realize um sonho / Um doce desejo / Pedindo a uma estrela cadente”. Diante da conhecida exigência de Toquinho, não dá para esperar menos do que uma grande intérprete. Outra presença importante é a do escritor chileno Antonio Skámeta, autor do premiado romance “O Carteiro e o Poeta”, adaptado com sucesso para o cinema. Ele é parceiro do brasileiro em “Obra de Arte”, que faz referência à “Monalisa”, de Leonardo da Vinci.

Há ainda parcerias com Francis Hime (“Joana”), Dora Vergueiro (“Vento Leste”) e Eduardo Gudin (“Por Que Razão”). Toquinho também capricha em “Renascerá a Aurora”, versão para “Arriverà l’Aurora”, do italiano Pino Danielle, conhecido no Brasil em função dos sucessos “Bem Que Se Quis”, de Marisa Monte, e “Fullgás”, de Marina Lima, ambas realizadas por Nelson Motta.

A animação começa logo na primeira faixa e que dá título ao álbum, como um doce samba-enredo: “Não tente a vida entender / Somente quem viver verá / Nem tem no mundo inteiro alguém / Que possa seus mistérios desvendar / A vida nos tira tudo o que nos dá / Momentos felizes e o brilho das paixões / Chega mudando tudo de lugar / Ignorando nossas emoções”. E termina com o empolgante carnaval “Hino dos Namorados da Noite”. Mas a alegria mesmo de estar de volta fica manifesta na encantadora “Cilada do Destino”: “Pode ser cilada do destino / Pura ingenuidade ou ilusão / O fato é que eu me sinto hoje um menino / Em parte mais feliz meu coração”.

As melodias delicadas que marcaram a carreira de Toquinho também não ficam de fora. Basta ouvir “Bem Me Quer” e a linda “Renascerá a Aurora”, que precisa urgentemente entrar numa dessas novelas das seis horas da TV Globo, nas quais o artista sempre caiu como luva. “E renascerá a aurora, sem nos pedir licença”, canta emocionado.

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