São Paulo – “Sexo sempre foi um tabu na Igreja. É o que menos se fala e muito se faz”, diz o escritor Frei Betto, ao comentar o conservadorismo relativo ao tema na Igreja Católica. Contudo, ele avalia que o papa Francisco vem mostrando um caminho de reformas e avanços nas visões do clero.

Em sua coluna semanal para a Rede Brasil Atual, Frei Betto desenvolve hoje (22) o tema a partir da criação de um tribunal no Vaticano – ordenada pelo papa e em vigor desde o último dia 9 – para julgar casos de pedofilia entre membros da Igreja. “Com essa atitude de combate à pedofilia, inclusive com participação de representantes de vítimas na investigação, o papa, além de coibir tal prática de tamanho repúdio, dá um importante passo na discussão da sexualidade”, diz.

Ele explica que, baseada ainda em conceitos criados no século 16, a Igreja Católica ainda prega uma conduta de afastamento entre corpo e alma, tratando o sexo como algo pecaminoso. Questões definidas no concílio de Trento, naquele século, proíbem o sexo por prazer, ou afeto, permitindo apenas para fins de reprodução.

“Tal distanciamento da Igreja com a realidade cria um vácuo de realidade com a sociedade. Até mesmo a camisinha continua tabu e seu uso, desaconselhado pelo Vaticano, mesmo em meio à proliferação do HIV”, continua.

Frei Betto avalia que o papa Francisco vêm tomando decisões e posições progressistas em diversos campos. Após indicar à Igreja Católica a rejeição incondicional da homofobia e assinar um tratado (Encíclica Laudato Si) que toca em pontos delicados, como o capitalismo neoliberal e a cultura do consumismo e o descarte que castiga o meio ambiente, “o Vaticano avança por caminhos intocados há tempos”.

Frei Betto ainda recorda que a base da religião católica deve ser o amor: “Se sexo fosse pecado, Deus não teria criado uma forma tão prazerosa de gerar vida”.

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