Tombini deve comandar próximo aumento de juros no Copom

Diretor de Normas do BC, Alexandre Tombini, é o mais cotado para assumir o cargo de Henrique Meirelles. Ele comandaria próxima reunião do Copom, que deve elevar juros

Banco Central deve manter linha conservadora da política econômica (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

A reunião encerrada na quarta-feira (17) deve ser a última de Henrique Meirelles no comando do Comitê de Política Monetária (Copom). O colegiado de diretores do Banco Central é presidido pelo presidente da instituição que deve deixar o cargo até o final do mês para ficar livre para disputar as eleições deste ano. O nome mais cotado para suceder Meirelles na presidência do BC é o de Alexandre Antonio Tombini, atual diretor de Normas da entidade e um dos formuladores do modelo de regime de metas de inflação.

Na próxima reunião do Copom, marcada para 27 e 28 de abril, a expectativa é de que o juro seja elevada em até 0,5 ponto percentual. Isso porque, a decisão de manter a meta do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), a taxa básica de juros da economia, deu-se por cinco votos a três. Os diretores dissidentes defendiam a elevação, o que foi entendido por economistas ligados ou não ao mercado financeiro como uma indicação de que haverá aumento na próxima reunião.

(Foto: Divulgação/BCB)

A indicação de um diretor de perfl alinhado à política macroeconômica seria uma forma de sinalizar ao mercado financeiro que, mesmo em um ano eleitoral, nada mudaria na busca pela meta de inflação no país. Confirmadas as especulações, o gaúcho de 49 anos comandaria a próxima reunião do Copom, que deve promover elevação dos juros. Longe de agradar ao governo, a decisão pode ter impactos no ritmo de crescimento da economia.

Perfil

Tombini trabalha dentro do Banco Central desde março de 1999, com intervalo de 2001 a 2005, quando foi à representação brasileira no Fundo Monetário Internacional (FMI). Em sua primeira passagem pela autoridade monetária brasileira, organizou o Departamento de Estudos e Pesquisas. À época, nos primeiros meses da gestão de Armínio Fraga, a instituição organizava o regime de metas de inflação, após o choque cambial.

No cargo, foi o responsável por criar instrumentos como a Pesquisa Focus, que monitora as expectativas macroeconômicas do mercado e serve de baliza para as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre juros. Essa participação coloca Tombini como defensor do modelo do regime de metas de inflação e uma garantia de que ele manteria a linha adotada no país. Em outras palavras, é visto como mais conservador.

De junho de 2005 até agora, ocupou as diretorias de Estudos Especiais e de Assuntos Internacionais antes de cuidar das Normas do Banco Central. Pelo menos desde 2008, seu nome é cotado para suceder Meirelles.

Em sua sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, em 2005, manifestou-se contra a ampliação do Conselho Monetário Nacional (CMN), defendido por críticos das políticas macroeconômicas brasileiras. Atualmente, a instância que defende a meta de inflação e é composto pelo presidente do Banco Central mais os ministros da Fazenda e do Planejamento.

Como a taxa básica de juros da economia – Selic – é o principal instrumeto para controlar a inflação, a definição da meta é chave para determinar o patamar de juros da economia e, com isso, todas as suas repercussões na economia real – custo de empréstimos bancários, ritmo do crescimento econômico e da geração de empregos etc.

Na sabatina, também manifestou-se favorável à autonomia operacional da instituição, com mandatos fixos para os diretores.

Alta dos juros desagrada

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, por exemplo, encontrou sua forma de defender que os juros não sejam elevados. Em entrevista ao programa Bom dia, ministro, da Empresa Brasil de Comunicações (EBC), ele elogiou a decisão de manter o atual patamar de juros e argumentou que, apesar de ter ocorrido pressão inflacionária em janeiro e fevereiro, principalmente por conta dos alimentos, em março e abril o índice deve ser menor.