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Resultados eleitorais no Brasil e no Uruguai animam os kirchneristas

No campo do governo, multiplicidade de candidatos facilita favoritismo do governador de Buenos Aires, Daniel Scioli. Na fragmentada oposição, se destacam nas pesquisas Sergio Massa e Mauricio Macri

daniel scioli.com.br

Scioli se impôs pelo apoio a Cristina, mesmo nos momentos mais difíceis do governo atual

Com os resultados finais no Brasil e com a projeção muito segura das eleições uruguaias, os kirchneristas se animam para enfrentar as difíceis disputas do próximo ano na Argentina. Depois da década kirchnerista (Nestor, 2003-2007, e Cristina, 2007-2015), o país vizinho terá um outro presidente, de continuidade ou de ruptura.

A impossibilidade de eleger dois terços do Congresso para tentar a reforma constitucional, que permitiria a Cristina se candidatar a um terceiro mandado, abriu um universo de incertezas na sucessão presidencial, tanto em relação à continuidade ou não do kirchnerismo, como quanto aos nomes que poderiam representar essas duas vias.

No campo do governo, a multiplicidade de candidatos facilita o favoritismo do governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, vice-presidente de Nestor, mas longe de ser o preferido de Cristina. Bastante mais moderado do que ela – em política econômica, por exemplo, mas particularmente em questões de segurança pública, já que tem a marca de uma linha muito dura –, Scioli foi se impondo pelo apoio que seguiu dando a Cristina, mesmo nos momentos mais difíceis do governo atual, e despontando sempre como o único nome capaz de disputar com os candidatos da oposição.

As prévias internas obrigatórias se darão em agosto, e ninguém dúvida que Scioli é o favorito, valendo-se então da norma de que os que participam estão obrigados a apoiar o vencedor. Entre tantos pré-candidatos, o único que se destaca por seu perfil de esquerda é o ex-ministro de Relações Exteriores Jorfe Taiana, com apoio de vários movimentos de base, mas sem força suficiente para disputar com Scioli o favoritismo. Cristina não se decidiu até agora por algum nome, embora vários de seus mais chegados ministros e governadores estejam na lista de pré-candidatos, talvez resignada a apoiar Scioli, como única via possível de vitória.

Na fragmentada oposição, dois nomes se destacam nas pesquisas: Sergio Massa e Mauricio Macri. Massa, que já esteve no governo dos Kirchner, ex-prefeito bem avaliado na província de Buenos Aires, foi o parlamentar com maior votação nas últimas eleições, projetando-se como o candidato mais forte da oposição. Suas origens peronistas, sua relativa moderação, mas seu perfil hoje claramente opositor, fazem dele o que mais pode ter a convergência do voto opositor, no primeiro e, mais ainda, no segundo turno.

Mauricio Macri, ex-presidente do Boca e polêmico prefeito reeleito de Buenos Aires, é uma alternativa mais radical de direita, no modelo do empresário bem-sucedido que se aventura na política. Tem estado em terceiro lugar nas pesquisas, mas próximo de Massa.

A maior possibilidade de vitória do governo se daria no primeiro turno, em que para ganhar o candidato tem que ter 40% dos votos e 10% de vantagem sobre o segundo colocado. Porque no segundo turno, mesmo sem transferência automática de todos os votos, os candidatos da oposição tendem a se unir, dificultando a situação para Scioli. Mesmo assim, a melhoria do apoio do governo da Cristina e as divisões na oposição – além do entusiasmo que os resultados eleitorais no Brasil e no Uruguai trouxeram – permitem imaginar uma vitória de Scioli no primeiro turno.

As prévias internas se darão em agosto e as eleições, em outubro. Mas concluído o segundo turno no Uruguai, a Argentina entra de cheio na conjuntura eleitoral.