Prisão de Arruda é notícia em jornais sul-americanos

Jornalistas argentinos lembram que governador licenciado do Distrito Federal era o provável vice da chapa de José Serra e que Democratas é um dos partidos que mais colaboraram com a ditadura e com o antilulismo

A prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (ex-DEM, atualmente sem partido), pela Polícia Federal ganhou destaque em jornais do Chile e da Argentina.

A correspondente do Clarín em São Paulo, Eleonora Gosman, abre seu relato apontando que “foi uma imagem inédita em tempos de democracia”. Na sequência, vem o erro de informar que a decisão veio da Corte Suprema – na realidade, foi uma determinação do Superior Tribunal de Justiça. O jornal lembra que Arruda era, até o ano passado, a figura com mais visibilidade dentro do Democratas, assinalado como o candidato ideal para a “agrupação direitista” encabeçada pelo governador de São Paulo, José Serra. Eleonora Gosman escreve que, apesar de Arruda ter sido filmado literalmente com as mãos na massa no escândalo de propinas do Distrito Federal, o que motivou o pedido de prisão foi a tentativa de subornar testemunhas do caso.

Também na Argentina, o jornal liberal Página12 tem um tom mais forte. A reportagem destaca que Arruda é do DEM, “um dos partidos mais conservadores, mais ligados à última ditadura militar e mais antilulistas do país”. Ao retomar o passado do governador licenciado, o Página12 lembra que, quando estava no PSDB, de Fernando Henrique Cardoso, Arruda teve de renunciar em meio ao escândalo de manipulação do painel de votações do Senado.

“Cinco anos depois, tudo se havia esquecido e o agora militante do Partido Democratas assumia novamente o cargo, esta vez como governador da capital da nação. Arruda depende agora da simpatia do Supremo Tribunal Federal, a máxima corte liderada por outro intransigente opositor a Lula, o juiz Gilmar Mendes”, pondera o texto, publicado antes da decisão do ministro Marco Aurélio Mello,do STF.

No Chile, o El Mercurio deu menos espaço ao caso, com a publicação de uma pequena nota que coloca os motivos da prisão de Arruda e o passado de violação do painel do Senado. Ao narrar os vídeos que divulgados durante a Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, os chilenos optam por um tímido “roupa interior” a respeito de onde se guardava o dinheiro de corrupção, diferentemente do Página12, que prefere a versão mais franca: cuecas.