O fim de um reduto de quem procurava ‘loja de discos’

Dívidas e concorrência de grandes lojas inviabiliza espaço onde podiam ser encontradas relíquias da música (Foto: Divulgação) Duas semanas atrás, um amigo americano pediu dicas para um colega dele, músico, […]

Dívidas e concorrência de grandes lojas inviabiliza espaço onde podiam ser encontradas relíquias da música (Foto: Divulgação)

Duas semanas atrás, um amigo americano pediu dicas para um colega dele, músico, que virá ao Brasil no início de 2011. Ele vai visitar o Rio e quer conhecer lugares ligados à área de atuação. Entre outras sugestões, a primeira foi óbvia: que ele fosse à Modern Sound, em Copacabana, reduto dos espécimes que ainda procuram uma “loja de discos”. Pois não é que dias depois saiu a notícia de que a loja vai fechar, após 44 anos?

Segundo o dono, Pedro Passos, as dívidas inviabilizaram o negócio. O povo hoje baixa música na internet. Além disso, quem compra CDs prefere ir às lojas de departamentos, sem dúvida bem mais baratos.

A casa abriu em 1966, com 60 metros quadrados. Tem hoje mais de 1.200, com direito a um espaço para shows – que ajudava muita gente – e a um subsolo que funciona como sebo de LPs.

Essa espécie de porão era um de meus oásis no período em que morei no Rio. A primeira vez que desci a escadaria dei de cara com o Espelho, do João Nogueira. Com prazer, fiquei com dedos encardidos de tanto mexer nas prateleiras, à procura do disco perdido.

Achei vários: LPs, compactos. Até um livro escrito pelo Sérgio Ricardo (Quem quebrou meu violão), que causou espanto no próprio: “Onde você achou isso?”, perguntou, incrédulo.

Agora, o jeito é dar uma passadinha por lá e comprar um disquinho pra ficar de recordação. E tomar um chope, porque os bares jamais fecharão.