Nada mudou

Lula sob ataque. O padrão lavajatista de conspiração continua

Lula não tem amigos na América do Norte nem na classe dominante brasileira: jamais irão aceitá-lo. Por isso, a tática de conciliação utilizada até aqui é inócua

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert

O governo Lula ainda não completou 100 dias, não tomou nenhuma medida dura contra o mercado financeiro nem conflitou com a classe dominante. Porém, os lacaios de sempre já disparam sua ofensiva nos meios de comunicação tradicional, a fim de tentar domesticar o presidente. 

Nesta última semana, entre os dias 20 e 22 de março, a visita de Xi Jin Ping a Vladimir Putin deixou definitivamente evidente a formação do mundo multipolar e o processo de declínio do império anglo-americano, que ao longo de mais de dois séculos de dominação não apresentou qualquer alternativa de esperança e paz para os povos do mundo. Ao contrário, deixou um legado de guerras, destruição, humilhação e exploração.

Exatamente ao final daquele encontro e diante dos preparativos para a viagem do presidente Lula à China – ainda que tenha sido suspensa neste sábado por recomendação da equipe médica de Lula – , o céu desabou sobre a cabeça do chefe de governo brasileiro. Assim, ele segue sendo atacado pelos lavajatistas plantados pelo Departamento de Justiça norte-americano e endeusados pela imprensa corporativa, controlada pelo mercado financeiro. Inclusive chegando ao ponto de dar credibilidade ao ex-juiz incompetente e comparar Lula com o ex-presidente fascista.

Na verdade, Lula deve entender que não tem amigos na América do Norte nem na classe dominante brasileira: jamais irão aceitá-lo. Por isso, não faz sentido a tática de conciliação utilizada até aqui, por ser “ingênua, inócua e inútil”. Entre os apoiadores do governo, além do necessário e urgente combate à fome e à miséria, o que vemos é a discussão de muitas questões identitárias. Mas falta noção da luta real que está sendo travada pelo mundo afora. 

Os verdadeiros amigos de Lula estão no meio do povo pobre e trabalhador e nas lideranças internacionais que têm enfrentado com altivez e determinação os abusos do império anglo-americano.

Vale dizer ainda, como tenho manifestado, que Lula precisa montar com urgência um serviço de informação eficaz (o que não temos ainda nestes quase 100 dias de governo) para resistir aos ataques que ao seu governo e à soberania do Brasil. 

Não dá para ser ingênuo e pensar que estão desmobilizadas as forças internas e internacionais que se ombrearam para derrubar a presidenta Dilma Rousseff, destruir a economia nacional e se apropriar de nosso petróleo e demais riquezas. Os conspiradores não vão permanecer quietos! Sendo assim, não dá para fazer acordos com o “centrão”,  como imaginam alguns auxiliares de Lula. 

Jorge Folena é graduado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Federal do Rio de Janeiro, com mestrado em Direito pela mesma faculdade, e doutor em Ciência Política pelo Iuperj. É integrante do Instituto dos Advogados Brasileiros.

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