São Paulo – O ex-ministro da Defesa Nelson Jobim negou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha solicitado ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes que trabalhasse pelo adiamento do julgamento do caso do mensalão. “Não houve nenhuma conversa nesse sentido. Eu estava junto, foi no meu escritório, e não houve nenhum diálogo nesse sentido”, afirmou o também ex-ministro do STF em conversa com o repórter Fábio Schaffner, do jornal gaúcho Zero Hora.

A conversa, realizada no domingo (27) à tarde, rebate a versão da revista Veja de que o ex-presidente propôs que Mendes ajudasse a protelar o julgamento do mensalão em troca de “proteção” na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira. A leitura é de que haveria possibilidade de que as relações entre o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) acabassem por respingar no magistrado.

Na conversa com o jornalista, Jobim confirma o encontro, realizado em seu escritório em Brasília no último dia 26, mas rejeita completamente a versão da semanal do Grupo Abril, envolvida em denúncias de conexão ilícita com a quadrilha de Cachoeira e alvo de investigação da CPMI. “Foi uma conversa institucional. Lula queria me visitar porque eu havia saído do governo e ele queria conversar comigo”, disse o ex-ministro, que garantiu ainda ter presenciado toda a conversa. “Gilmar chegou antes, depois chegou Lula. Aí, saiu Lula e Gilmar continuou. Ficamos discutindo sobre uma pesquisa que está sendo feita pelo Instituto de Direito Público, do Gilmar. Foi isso.”