Entre a paz e a guerra, PSDB segue em cima do muro

De um lado, Aécio Neves defende o entendimento com o novo governo, mas o presidente de seu partido, Sergio Guerra, reforça a intransigência

O senador Sergio Guerra, presidente do PSDB (foto: Agência Tucana/Divulgação)

 

São Paulo – Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo publicada na edição desta sexta-feira (5), o ex-governador de Minas Gerais e recém-eleito senador Aécio Neves (PSDB-MG) aponta discordar da direção de seu partido, o PSDB, sobre como fazer oposição ao governo Dilma Roussef a partir de janeiro de 2011.

“O Brasil está maduro para ter outro tipo de oposição. Não me sentirei diminuído, ao contrário, se for convidado a sentar à mesa com outras lideranças para discutir questão previdenciária, política, tributária, reforma do Estado”, diz Aécio.

Ele também fala que o PSDB deve exercer uma “oposição propositiva, que apresente propostas em torno de uma agenda de Estado, e não de governo.”

Aécio acrescenta ainda que “a próxima presidente encontrará uma oposição generosa, e, ao mesmo tempo, firme na defesa das instituições democráticas, nos limites éticos” – assim como a própria Dilma Rousseff já declarou em todas as vezes em que veio a público, antes e depois das eleições.

Porém, na quinta-feira anterior, o presidente dos tucanos, Sérgio Guerra, fez circular a primeira nota oficial do partido para agradecer aos eleitores pela performance da legenda nas últimas eleições e dar as diretrizes que pretende adotar depois da terceira derrota consecutiva na corrida presidencial.

A mensagem tenta passar para o eleitorado que o partido não repetirá práticas que atribui ao PT, para em seguida dar a senha de que pretende manter o clima de confronto político.

Diz a nota: “Nunca fomos, e não seremos agora, a favor do quanto pior melhor. Entretanto, as urnas deram ao partido a obrigação de fazer uma oposição forte, sem concessões. E para defender bandeiras como a defesa da liberdade de pensamento e do respeito às leis, nós precisamos, mais do que nunca, da ajuda permanente de vocês.”

Nenhuma palavra que aponte o interesse pelo bem comum do país, nem um sinal de apaziguamento das emoções, apenas a sanha pelo poder. Sergio Guerra já disse, antes mesmo da apuração final da votação do dia 31, que o PSDB vai lançar seu próximo candidato à Presidência daqui a dois anos. E na primeira mensagem oficial do partido após as eleições mostra de novo sua (única) intenção: “Sabemos também que temos pela frente a tarefa de fazer o nosso partido avançar muito mais na sua organização e na sua integração com a sociedade.”

Apenas não diz que tipo de sociedade pretende construir.