Em entrevista a jornal espanhol, Serra mostra que não esquece Lula

Candidato derrotado em 2010, apresentado pelo El País como chefe da oposição, volta a bater na tecla de que ex-presidente será candidato em 2014 e aposta na via da corrupção

Serra mira 2014, mas só vê Lula à frente (Foto: Ricardo Stuckert/Pr – arquivo)

O candidato derrotado à Presidência da República nas eleições de 2010, José Serra (PSDB), voltou a dar mostras de que pensa em 2014 durante entrevista ao jornal espanhol El País, mas parece mais preocupado com a participação de Luiz Inácio Lula da Silva do que com a própria entrada no jogo. A breve passagem por Madri, capital da Espanha, serviu para que o ex-governador de São Paulo voltasse a bater em suas reiteradas ideias sobre corrupção, PT, política externa e eleições.

Serra foi apresentado pelo jornal como “chefe da oposição brasileira”, o que resultou em um comentário de um leitor identificado como Guillermo: “É uma piada do El País?”. O próprio texto admite que o político perdeu espaço dentro do PSDB por conta da vitória de Aécio Neves na disputa pelo Senado em Minas Gerais. Além disso, vale lembrar que o cacique paulista não conseguiu a presidência do partido, como desejava, sendo relegado a um recém-criado conselho político.

“A probabilidade de que Lula seja candidato nas eleições presidenciais de 2014 é muito alta”, afirmou o tucano, que evitou expor quais são seus próprios planos para a ocasião – ele tampouco quis falar sobre as eleições municipais do próximo ano, nas quais poderia se lançar. 

A conversa com o repórter Fernando Galdoni foi cercada por poréns. Serra admitiu que a economia vai bem, que o país vai bem, mas lamentou que Lula diga que a oposição fique irritada com o fato de um pobre poder comprar um carro novo. “Lula nunca deixou de estar em campanha.” O ex-presidente da República, por sinal, é quem parece mais tomar atenções na vida de Serra desde a derrota para Dilma Rousseff – durante as eleições, ele evitou investir em críticas contra o então presidente, que gozava da mais alta taxa de aprovação da história recente do Brasil. 

O ex-governador preferiu falar novamente do líder petista ao ser questionado sobre a limpeza que a presidenta fez no Ministério dos Transportes. “Lula também acabou por afastar os implicados em corrupção, mas aquele que deveria ser o começo de uma política de transparência não deu em nada. E foi um erro, porque há muitos problemas em muitas áreas do governo.”

Tal como fazia no segundo turno de 2010, Serra enfatizou que o problema da corrupção “nunca foi tão sério”, e voltou a culpar Lula. “Como o PT apostou no sistema de trocas e favores, a situação lhes escapou das mãos.”

O tucano ameaçou reconhecer avanços na política externa de Dilma, preocupada com o respeito aos direitos humanos, mas logo emplacou mais um porém: “No entanto, a posição da presidenta começou a ser ambígua e esse ímpeto em favor dos direitos civis foi diluído.”