Folha e o e-mail violado de Dilma e Zé Dirceu

Contas eram do UOL, empresa do mesmo conglomerado de comunicação

Dilma no lançamento de sua conta no Twitter, em 2010. Computador foi violado (Foto: Roberto Stuckert Filho – arquivo)

A Folha de S.Paulo diz que e-mails da presidenta Dilma Rousseff foram violados (o jornal usa o termo “hacker”, embora o mais correto seria “cracker”). A conta de e-mails era do UOL, empresa do Grupo Folha. A reportagem está aqui para assinantes, mas um resumo pode ser lido aqui.

A violação ocorreu ainda antes do período eleitoral, e o autor da quebra diz ter tentado, sem sucesso, vender arquivos com cópias de centenas de e-mails a partidos da oposição (leia-se DEM e PSDB). O UOL não sabia da violação? A matéria é publicada só um ano depois do ataque. Por quê? Perguntas que ficam no ar…

O hacker também violou o e-mail do UOL do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

Douglas é o nome com que o cracker de Brasília apresentou-se aos repórteres do jornal. Ele diz ter invadido a caixa de e-mail pessoal da então candidata Dilma. Foram copiadas cerca de 600 mensagens que ela recebeu durante sua campanha presidencial de 2010, de acordo com reportagem do jornal Folha de S.Paulo.

O ataque teria acontecido em duas etapas: a primeira, uma invasão no site do diretório nacional do PT na internet, ele copiou e-mails pessoais de petistas e outros dados; depois, teria instalado, no computador de Dilma, um cavalo de troia – programa que funciona em segundo plano, capaz de armazenar o que fosse digitado ou acessado a partir do equipamento.

A reportagem conta um encontro com o cracker em Brasília em uma lan house. Foram mostrados, “de relance”, o conteúdo de 30 e-mails da presidenta Dilma. Assim, “de relance” a Folha viu:

  •  Resultados de exames de saúde que Dilma teria feito em Porto Alegre (RS).
  •  Instruções para a campanha eleitoral do segundo turno e uma agenda telefônica com dados de parentes e assessores da presidente.
  • Cópia do pedido feito pela Folha para ter acesso a arquivos de Dilma no Superior Tribunal Militar, mantidos em sigilo na época.
  •  Depoimentos ligados à queda da ex-ministra Erenice Guerra.
  • Comentários sobre acusações feitas contra Dilma pela ex-diretora da Receita Federal Lina Vieira.
  • Mensagens de boa sorte na campanha.

O caso faz a memória viajar. Às lembranças…

Folha e o site da Petrobras

No sábado (25), o jornal Folha de São Paulo, publicou matéria sobre o grupo cracker LulzSecBrazil, que teve acessos a dados de um servidor de arquivos da Petrobras. No perfil do grupo no Twitter, foram publicados o endereço do servidor, um nome usuário e uma senha de acesso.

A Folha publicou que conseguiu acessar o sistema da estatal utilizando as informações divulgadas. No servidor, segundo o jornal, foi possível encontrar pastas com conteúdo como relatórios, fotos e dados de funcionários.

Folha e o Enem

Só lembrado e comparando, a gráfica da Folha com os e-mails do UOL.

A Plural Editora e Gráfica Ltda, foi em 2009 a empresa responsável pela impressão das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A editora é do Grupo Folha em parceria com a empresa americana QuadGraphics.

A Plural, foi contratada para imprimir, grampear e intercalar as diferentes versões das provas em lotes, que depois seriam embaladas em caixas divididas por estado.

Responsável pela impressão do exame a gráfica da Folha, abriu um galpão para manuseio das provas impressas sem que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) tivesse autorizado. Foi nessa estrutura, sem a segurança devidamente checada e aprovada pelos técnicos do instituto, que a prova teria sido obtida pelos laranjas Luciano Rodrigues e Gregory Camillo de Oliveira Craid, que depois tentaram vender a prova a jornalistas do Estadão. Lembram disso?

* Helena Sthephanowitz™ é jornalista e autora do blog Os Amigos do Presidente Lula e do Os Amigos do Brasil. Ela escreve no Na Rede, da Rede Brasil Atual.