Na Europa, direita abre os braços e arreganha os dentes

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Yoan Valat/efe

Extrema-direita francesa cresce diante da queda de popularidade de Hollande, às voltas com suas hesitações

Geert Wilders convida Marine Le Pen para uma visita à Holanda. Geert Wilders é o líder (aquele de melena Elvis Presley, só que branca) do Partido da Liberdade, da extrema-direita holandesa. Marine Le Pen é a líder da Frente Nacional, da extrema-direita francesa, que vem crescendo assustadoramente em popularidade na França, diante da queda de popularidade do presidente François Hollande, às voltas com suas hesitações.

O objetivo do encontro é formar uma frente de direita europeia para crescer nas eleições para o Parlamento Europeu, no final de maio do ano que vem. Pretendem chegar à eleição de uma frente de 30% dos deputados em seus países, se possíveis na Europa. Com isso, poderiam formar um bloco continental no Parlamento Europeu. O mínimo para isto é constituído por 25 deputados eleitos em sete países.

Os dois são notoriamente anti-euro, anti-União Europeia. Também são anti-imigrantes e anti-islâmicos, embora jurem que não são. Também se oporiam à entrada da Turquia na União Europeia, porque, se ela entrar, seus cidadãos teriam livre trânsito pelo continente.

Mas querem mais, querem ampliar a sua frente para outros países.

Há problemas no caminho. Nem todos os partidos conservadores os veem com bons olhos. Este é o caso do Alternative für Deutschland, da Alemanha, que compartilha com eles o sentimento anti-euro, anti-U.E., mas não quer de jeito nenhum se misturar com o anti-islamismo, mesmo que não assumido, de ambos. Este também é o caso do Independence Party britânico.

Por outro lado, nem Geert Wilders nem Marine Le Pen vêm com bons olhos os partidos Jobbik, no poder na Hungria, ou o Partido da Liberdade austríaco, de Jörg Hender, porque sobre ou sob ambos paira a sombra do antissemitismo, que existe na Europa, mas é assunto tabu. Também não gostariam de se misturar com as práticas violentas do Golden Dawn (Aurora Dourada) grego. Outros partidos, na Suécia, na Finlândia, na Bélgica, ainda olham com desconfiança a iniciativa.

Mas essas são diferenças que poderão ser aplainadas com o tempo.

Afinal, os planos de “austeridade” dos conservadores hegemônicos na União Europeia e as tergiversações dos socialistas e social-democratas, que não conseguem apresentar alternativas de vulto, ventam a seu favor.