Paraphernalia anima ouvinte com mistura instrumental de eletrônica com tradição

Um som instrumental de primeiríssima qualidade, incapaz de deixar alguém sentado na cadeira. Assim pode ser definido o trabalho da Banda Paraphernalia, que acaba de lançar o CD “Ritmo Explosivo” […]

Um som instrumental de primeiríssima qualidade, incapaz de deixar alguém sentado na cadeira. Assim pode ser definido o trabalho da Banda Paraphernalia, que acaba de lançar o CD “Ritmo Explosivo” (foto). Ela foi formada em 2001, no Rio de Janeiro (RJ), quando o guitarrista Bernardo Bosisio e o baixista Alberto Continentino se encontraram, e a eles logo se juntaram o tecladista Donatinho, o trombonista Marlon Sette, o flautista Felipe Pinaud, o trompetista Leandro Joaquim e o baterista Renato “Massa” Calmon.

Com participações no Festival Back2Black e no Palco Rock Street do Rock in Rio, a banda começa o álbum com “22 de setembro”, que remete à trilha musical dos seriados policiais exibidos pela televisão na década de 1970. Esse clima é levado para a segunda faixa, “Abetruta”, que é mais suingada, mas menos misteriosa do que “A Fúria do Dragão II”, a faixa seguinte. Um aspecto interessante a se notar aqui é como nossos ouvidos estão acostumados a associar sons instrumentais com ruídos produzidos na cidade. Por isso, não se assuste se, na audição desse álbum, você de repente achar que está ouvindo a sirene da polícia ou carros deslizando a toda velocidade.

Os títulos das canções também são deliciosos, caso da suingada “Paraquedas (Reserva)”, marcada pelo solo de trompete de Leandro Joaquim; “Com Curry Por Favor”, enriquecida pelo sitar de Bernardo Bosisio; e “Rei Salomão” que, com batuques africanos, remete ao funk dos anos 70 e é marcada por um coro dizendo apenas o nome da música. Em “Nu Flava”, é possível ouvir risadas e sons eletrônicos que mais lembram o quaquejar de patos e que termina com aplausos. E “Champanhe” é um verdadeiro carnaval, com sonoridades que lembram videogames.

O álbum termina com a animada “24 de Março” e a mais misteriosa e sensual “Salvem as Baleias”, que, em seis minutos e meio, vai percorrendo diferentes e inusitados caminhos. Em comum, todas essas faixas possuem o requinte de misturar, de modo bastante particular, efeitos eletrônicos com o som dos instrumentos, tocados com maestria pelos integrantes da banda; e assumir sentidos diversos durante o percurso. Eis, portanto, uma aula de como se fazer boa e atual música instrumental, para dançar e contagiar um público sedento por trabalhos criativos e inovadores, sem perder a raiz no passado. Como boa parte das realizações desse tipo no Brasil, a produção leva o selo de qualidade de Kassin, que a divide com Ricardo Garcia.

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