Vai que cola

Costa Rica, o patinho feio que quer virar zebra

Seleção centro-americana vai para a quarta Copa do Mundo e, mesmo no “grupo da morte”, sonha em repetir 1990, quando chegou às oitavas

GEORGI LICOVSKI/EFE

Bryan Ruiz, esperança da Costa Rica na Copa, conversa com companheiros de equipe no reconhecimento do gramado da Arena Castelão

O torcedor brasileiro, mal acostumado que é pela seleção ter participado de todos Mundiais até hoje, não se dá conta de que para muitos passar pelas eliminatórias já é um feito notável. Tanto que o correto seria qualificar o que chamamos de “Copa do Mundo” como a fase final, pois oficialmente a competição começa nas Eliminatórias. Mas quando se chega ali, na fase de grupos, por que não sonhar mais alto? É pensando assim que a Costa Rica enfrenta o primeiro adversário no grupo D, ou “grupo da morte”, o Uruguai, às 16h na Arena Castelão.

Historicamente, a seleção costarriquenha pode ser considerada a terceira mais bem-sucedida da Concacaf, atrás somente de México e Estados Unidos. Após viver um período difícil em que não conseguiu chegar perto da qualificação para mundiais, vendo s vizinhos, como Honduras, El Salvador, Trinidad Tobago e Haiti conseguirem classificações episódicas, o time chegou à edição de 1990, na Itália, e fez bonito.

A equipe alvirrubra perdeu para o Brasil por 1 a 0, peleja difícil para os comandados de Lazaroni (e para o torcedor brasileiro), mas bateu a Escócia por 1 a 0 e a Suécia por 2 a 1. Só sucumbiu diante da Tchecoslováquia nas oitavas-de-final, por 4 a 1. Depois de dois fracassos em eliminatórias, o time voltou a disputar uma Copa em 2002. Mais uma vez, pegando o Brasil logo na primeira fase.

A campanha costarriquenha na edição da Coreia do Sul/Japão começou com triunfo sobre a China, 2 a 0, e seguiu com um empate em 1 a 1 contra a Turquia, que seria a terceira colocada daquele Mundial. Mas o que tirou os centro-americanos das oitavas foi justamente a seleção de Felipão. A vitória brasileira por 5 a 2 e o 3 a 0 da Turquia sobre a China desclassificaram a Costa Rica, que empatou em número de pontos com os turcos, mas perdeu no saldo de gols (três a menos).

Em sua mais recente participação em Copa, os costarriquenhos iniciaram a jornada enfrentando os donos da casa de 2006, a Alemanha, e foram derrotados por 4 a 2. Desta vez, a seleção centro-americana foi vítima da campanha conturbada nas eliminatórias, quando teve três técnicos diferentes, e a desorganização resultou na primeira edição de Mundial em que o time não obteve pontos, sendo derrotado pelo Equador, 3 a 0, e Polônia, 2 a 1.

E agora, vai?

O treinador colombiano Jorge Luis Pintochega ao primeiro Mundial à frente da equipe centro-americana. Ele foi o segundo técnico das Eliminatórias para a Copa de 2006, sucedendo o norte-americano Steve Sampson e precedendo Alexandre Guimarães, que dirigiu o time naquela Copa. “É uma experiência linda, estimulante e positiva. Para qualquer profissional, um Mundial é transcendental”, disse em entrevista coletiva ontem.

O comandante minimizou o ultra-favoritismo das campeãs que compõem o grupo D. “Hoje, as camisas não pesam tanto no futebol. Lembrem de alguns anos atrás, quando Senegal surpreendeu, assim como a Coreia. A história pesa de alguma maneira, mas isso é diferente. O futebol é o momento. A preparação física e mental pesam mais que a camisa”, apontou. “Hoje achamos que a equipe está muitíssimo melhor, nos recuperamos do desgaste que acumulamos nos amistosos. Este é o ponto ótimo da preparação da Costa Rica”, afirmou.

A esperança costarriquenha está nas jogadas de Bryan Ruiz, meia do PSV que deve atuar como segundo atacante, apoiando Joel Campbell, o camisa 9 da equipe, cujos direitos federativos pertencem ao inglês Arsenal, que o emprestou ao Olympiakos, da Grécia.

Costa Rica e Uruguai – duelo duro em 2009

A seleção da Costa Rica busca hoje uma vingança contra a Celeste Olímpica. Nas Eliminatórias da Copa de 2010, as seleções se enfrentaram na repescagem, sendo que os uruguaios bateram os centro-americanos por 1 a 0 na primeira partida e empataram de forma mais que dramática no Centenário, em Montevidéu, por 1 a 1. No fim da partida, houve confusão entre os reservas costarriquenhos e policiais do Uruguai.