Greenpeace: problema da Rio+20 são governos ‘sequestrados’ pelo capital

Kumi Naiddo, ativista sul-africano e diretor do Greenpeace, acusa democracias de ceder a poderes econômicos (CC/greenpeace.org) Rio de Janeiro – O diretor-executivo da organização não governamental Greenpeace, Kumi Naidoo, afirmou […]

Kumi Naiddo, ativista sul-africano e diretor do Greenpeace, acusa democracias de ceder a poderes econômicos (CC/greenpeace.org)

Rio de Janeiro – O diretor-executivo da organização não governamental Greenpeace, Kumi Naidoo, afirmou em rápida conversa com jornalistas que o grande problema da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável é a relação negativa entre democracias e o poder das grandes corporações.

“Eu acho que os governos estão sofrendo de dois problemas médicos: o primeiro é que eles não conseguem ouvir. Sabe, nós temos dito essas coisas por décadas e décadas, e ninguém conseguiu chegar a um acordo entre todos”, afirmou ontem (21) no Riocentro ao traçar um balanço da Rio+20, maior conferência da história da ONU, que termina hoje (22)

 “O outro problema é que eles não conseguem traduzir o entendimento da ciência, porque eles não contestam mais a ciência. Só há algumas empresas de petróleo e ninguém mais que contesta a ciência e realiza ações. Nós temos de questionar a qualidade da democracia, porque, de fato, o problema que nós enfrentamos é que temos países demais cujas democracias foram sequestradas pelo interesse econômico. Os Estados Unidos, por exemplo, como um dos bastiões da democracia, é a melhor democracia que o dinheiro pode comprar.”

Esta semana, o Greenpeace assinou uma nota em parceria com dezenas de organizações socioambientais para criticar o documento final da Rio+20. Eles lamentaram que o texto leve o nome “O mundo que queremos” porque, na visão destas entidades, há muita promessa e pouco compromisso efetivo por parte dos 191 países-membro da conferência. O comunicado expressa não enxergar nos 283 parágrafos do acordo algo que expresse um legado do encontro, marcado por “sérias omissões”.

Para Naidoo, restou agora a articulação da sociedade civil como caminho para pressionar os governos a implementarem uma agenda que caminhe efetivamente em direção ao desenvolvimento sustentável, com respeito às questões econômicas, sociais e ambientais. “Eu acho que se o que está em jogo são nossas crianças e os seus futuros filhos. A humanidade nunca enfrentou um desafio tão grande, seja protegendo o Ártico, seja prevenindo a destruição da Amazônia. Todas essas coisas, coletivamente, querem dizer que, se a gente não acertar a tempo, nós colocaremos nossas futuras gerações em risco.”