Vereadores de SP devem aprovar mais prédios na Faria Lima

Falta uma votação na Câmara dos Vereadores paulistana para que o projeto que permite o aumento do potencial construtivo na região da Operação Urbana Faria Lima seja aprovado. A medida […]

Falta uma votação na Câmara dos Vereadores paulistana para que o projeto que permite o aumento do potencial construtivo na região da Operação Urbana Faria Lima seja aprovado. A medida já foi aprovada em primeira votação de deve voltar à pauta para o segundo turno ainda este ano. O projeto deve aumentar em 400 mil m² a área de prédios na região, por meio da venda de Certificados de Potencial Construtivo (Cepac). Isso significa algo em torno de 10 mil veículos a mais circulando por dia no bairro.

A Prefeitura embasa seu pedido no fato de que a região está recebendo duas novas estações de metrô, Pinheiros e Faria Lima, que aumentam a mobilidade na área. As estações, no entanto, ficam no limite oeste da área de intervenção, na região do Largo da Batata. Nas outras áreas, não há estações novas ou qualquer outra solução de transporte coletivo de massa. “Não há dúvidas de que o trânsito vai piorar. Estão achando que o Metrô vai dar conta do aumento da circulação de pessoas, mas não vai”, acredita a urbanista Nadia Somekh. Ela afirma ainda que sem um plano eficaz de transporte de massa, com corredores e metrô, o trânsito vai continuar piorando. “Parece que essa medida foi tomada por causa da pressão dos setores imobiliários. A Prefeitura cedeu mais uma vez”, diz Somekh.

A medida está diretamente ligada à tentaqtiva da prefeitura de reurbanizar o Largo da Batata. Esse ponto de Pinheiros sempre foi um nó nas tentativas de valorizar o bairro. Como ponto importante de distribuição de ônibus para a região sudoeste da Capital, o Largo sempre foi conhecido pelo comércio ambulante e popular. Desde 2009, a administração municipal já investiu mais de R$ 100 milhões na área para demolir prédios antigos e dar uma cara nova ao outrora “desagradável” ponto. Com isso, o interesse do mercado imobiliário aumentou. O aumento do potencial de construção coroa o processo de gentrificação do mais popular ponto de Pinheiros.

A região de Pinheiros tem outro aspecto importante. De 1980 até 2010, o bairro perdeu quase 30 mil, habitantes, passando de 94 mil para 65 mil pessoas. Isso é prejudicial porque significa que mais e mais pessoas que trabalham na área têm que chegar lá de carro ou transporte coletivo, já que não moram lá. De fato, o bairro torna-se cada vez mais inóspito para moradores. De um lado, o trânsito aumenta a poluição e o barulho, de outro a valorização imobiliária faz com que seja vantajoso vender um imóvel lá e comprar em um bairro mais afastado. Como não há incentivo para a criação de moradia, é improvável que esse quadro mude.