Notícia-Crime

PF avisa Supremo que Salles é aliado de acusados de desmatamento ilegal recorde na Amazônia

Superintendente Regional do Amazonas diz que ministro de Bolsonaro, senador e presidente do Ibama, ao contrário do esperado, apoiam responsáveis por extração de mais de 43 mil toras da floresta

(twitter/rsallesmma/arquivo)
(twitter/rsallesmma/arquivo)
Salles editou pelo menos 317 atos oficiais que comprometem a política ambiental brasileira

São Paulo – Em notícia-crime contra Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro, enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo superintendente da Polícia Federal no Amazonas, o delegado Alexandre Saraiva afirma que o ministro é suspeito de integrar “organização criminosa” ao se aliar a acusados de fazer na Amazônia a maior extração de madeira ilegal da história do Brasil. Também são citados o senador Telmário Mota (PROS-RR) e o presidente do Ibama, Eduardo Bin. De acordo com o documento, os três praticaram crime ao “obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais” e ao “patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública”, assim como “integrarem organização criminosa orquestrada por madeireiros alvos da Operação Handroanthus.”

A operação a que se refere a notícia-crime contra Ricardo Salles foi responsável por apreender, no final de 2020, cerca de 226 mil metros cúbicos de madeira, ou aproximadamente 43,7 mil toras, extraídas ilegalmente. O montante teve valor estimado em quase R$ 130 milhões.

No time do crime

“Em razão da magnitude dos resultados (…) o setor madeireiro iniciou a formação de parcerias com integrantes do Poder Executivo, podendo-se citar o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o parlamentar Telmário Mora, no intento de causar obstáculos à investigação de crimes ambientais e de buscar patrocínio de interesses privados e ilegítimos perante a Administração Pública”.

Alexandre Saraiva acrescenta que o esperado seria o Ministério do Meio Ambiente, por ter poder de polícia ambiental, lavrasse autos de infração e instaurasse procedimentos administrativos. Mas, “mesmo amparado por farta investigação conduzida pela Polícia Federal, resolveu adotar posição totalmente oposta, de apoiar os alvos”. Um deles, ainda segundo o superintendente, coleciona nada menos que 20 autos de infração ambiental com multas que somam mais de R$ 8,3 milhões.

No início da tarde de hoje, o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, anunciou que vai trocar o chefe do órgão no Amazonas, Alexandre Saraiva.

Notícia-crime é um instrumento usado para comunicar uma autoridade competente sobre a ocorrência de crimes. Ao Supremo, agora, cabe decidir se abre investigação, contra Salles e Mota, ou se a arquiva.

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