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Nível do Rio Grande despenca e aproxima a represa Billings da seca

Queda se acentuou em junho, após a Sabesp aumentar em 150 mil residências de Santo André os consumidores que dependem da água do manancial

rodrigo pinto/abcd maior

Sistema Rio Grande, na Billings, estava com 94% da capacidade em junho e neste mês o nível caiu para 79%

São Bernardo do Campo – A represa Billings está cada dia mais próxima da crise de abastecimento de água no Estado de São Paulo, que praticamente já secou o Sistema Cantareira. Em  três meses, o braço de abastecimento da represa, o Rio Grande, teve 15 pontos percentuais de redução no nível de armazenamento, de 94% para 79%. A queda se acentuou em junho, após a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) aumentar em 150 mil residências de Santo André os consumidores que dependem da água do manancial. Ainda este mês, o governo do Estado deve aumentar em 500 metros cúbicos por segundo a retirada de água da bacia para suprir a demanda.

A crise no Cantareira se agravou ainda mais esta semana e o sistema chegou a 9% de seu volume – desde maio o reservatório opera com volume morto. No ABC paulista, a estratégia do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) refletiu no recuo da represa e no aparecimento de manchas de terra nas margens do manancial. Agora, a perspectiva de especialistas é que a situação se agrave com o aumento da retirada de água.

Quando a morte dos sistemas Cantareira e Alto Tietê ameaçou prejudicar a campanha à reeleição de Alckmin, o governador anunciou medidas de contingência. Em julho, quando esteve em Ribeirão Pires para inaugurar o trecho Leste do Rodoanel, o tucano anunciou que em setembro a Sabesp captaria mais 500 metros cúbicos por segundo do Rio Grande. Porém, a Sabesp evita confirmar a informação. Mais que isso, a companhia estadual não informa o volume real de cada sistema de abastecimento da Grande São Paulo – apenas a porcentagem da capacidade operacional. Há 91 dias a reportagem solicitou a informação para a Sabesp e não obteve resposta.

O braço Rio Grande é um dos menores reservatórios da Grande São Paulo. O Cantareira possuía 990 milhões de metros cúbicos de água – hoje, o reservatório está abaixo dos 99 milhões. No Sistema Alto Tietê cabiam 517 milhões de metros cúbicos de água, enquanto a Guarapiranga é capaz de armazenar 272 milhões. Cotia e Rio Claro, sistemas menores, podem reservar 16,5 milhões e 13,7 milhões, respectivamente, de acordo com relatórios e textos publicados na internet.

A dificuldade em mensurar o volume do Rio Grande é porque está diretamente ligado à Billings, que possui total de 995 milhões de metros cúbicos de volume. A captação não é executada em toda a represa.

A coordenadora do curso de Gestão Ambiental da Universidade Metodista, Waverlii Maia Neuberger, reforça a informação: “No braço Rio Pequeno, uma das nascentes está quase seca”. Ela atuou em pesquisa realizada entre 2007 e 2008 sobre nascentes da Billings. “O Rio Grande pode esvaziar, pois aumentou a captação e a demanda por água, e o reservatório é um dos menores”, disse.