crise hídrica

Bairros das zonas sul e oeste de São Paulo sofrem com racionamento de água

Situação ocorre desde março, mas foi intensificada depois da reeleição do governador Geraldo Alckmin

Rivaldo Gomes/Folhapress

Moradores precisam se deslocar para locais em que ainda há o fornecimento de água para se abastecer

São Paulo – Moradores das zonas oeste e sul de São Paulo denunciam racionamento de água desde o dia 11. Os cortes ocorrem principalmente em bairros periféricos há seis meses. No entanto, após a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) no primeiro turno, o racionamento se intensificou.

A publicitária Ana Rossata mora na Vila Bolhina, em Pirituba, zona oeste da capital paulista. Ela afirmou à Rádio Brasil Atual que seu bairro sofre com a falta de água desde março. No dia 12, moradores ficaram sem água o dia inteiro e o fornecimento só voltou às 11h40 da segunda-feira. “Ontem, por exemplo, meu marido chegou do trabalho às 17 horas e a água já estava completamente cortada. De manhã a gente estoca da torneira o máximo possível de água que conseguimos em baldes para tomar banho de caneca à noite”, relatou.

Dona Maria das Chagas tem 51 anos e vive no Jardim Jaraguá, também na zona oeste. Para ela, depois do primeiro turno a situação piorou e é preciso se virar com água mineral. Maria tem um restaurante em seu bairro e sem o fornecimento da água ela está servindo os clientes com copos e pratos descartáveis, além de cozinhar com água mineral. “Eu liguei na Sabesp semana passada e me disseram que estavam fazendo manutenção, eu não acredito que seja verdade”, disse.

Salete Rocha dos Santos é auxiliar administrativa e mora no bairro de Americanópolis, na zona sul. Também no último sábado, o bairro sofreu um corte brusco de água. “No quintal temos um poço onde estamos pegando água. Hoje estava caindo uma gotinhas da torneira. No bairro, quem tem caixa tem água, quem não tem fica sem, então temos que comprar mineral porque ninguém vai tomar água de poço, né? Não sei o que é pior, a fome ou a falta de água”, protestou.

Durante o período eleitoral, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) evitou oficializar o racionamento e a Sabesp passou a utilizar a água do volume morto do reservatório do Sistema Cantareira. Mesmo sem o aval da Agência Nacional de Águas (ANA) e contrariando liminar emitida pela 3ª Varal Federal de Piracicaba, no último dia 9, a companhia continuou retirando a segunda cota do volume morto. Ontem a liminar foi suspensa.

O estado de São Paulo vive a pior escassez de água da história. O Sistema Cantareira, que abastece 9,5 milhões de habitantes da região metropolitana da capital, opera com menos de 4,1% de capacidade. Essa situação passou a comprometer outros sistemas, como é o caso do Alto Tietê, responsável pelo fornecimento para 4 milhões de pessoas.

Ouça a reportagem completa na Rádio Brasil Atual:

Leia também

Últimas notícias