Protagonismo

França declara apoio a proposta de Lula de realizar a COP30 na Amazônia

Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu a COP na Amazônia em 2025. “O Brasil voltou”, repetiu, sobre participação de Lula na conferência do Egito

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
O principal objetivo dessa ação é destacar a transformação das políticas ambientais do país após anos de descaso durante o governo Jair Bolsonaro (PL)

São Paulo – “O Brasil voltou.” A frase que ganhou as redes sociais e os corredores da COP27 do Egito foi repetida nesta quinta-feira (17) pelo presidente da França, Emmanuel Macron, ao dar boas-vindas ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Macron saudou a retomada de uma política ambiental responsável no Brasil. O chefe de Estado francês ainda declarou apoio à realização da 30ª edição, em 2025, no Brasil. Lula defendeu sua realização na Amazônia, onde a COP reuniria as 30 maiores potências do planeta, junto aos quase 200 países que integram as conferências das partes da ONU.

“Gostaria muito de ter uma COP na Amazônia, assim apoio plenamente esta iniciativa do presidente Lula”, disse Macron durante uma viagem ao Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), em Bangcoc. O líder francês já deixou da COP27, no Egito, onde fez críticas aos países mais ricos pela responsabilidade direta nas emissões de gases do efeito estufa.

Logo após, em mais um aceno, Macron enviou mensagem de apoio em suas redes sociais. “O Brasil está de volta por uma estratégia na Amazônia! Eu saúdo a iniciativa do presidente Lula de uma COP na Amazônia. Estamos juntos. A França continuará unida e engajada”, disse. Então, Lula respondeu pelo Twitter, em francês: “Obrigado, senhor presidente”.

Fundo Amazônia

Ainda nesta quinta, a agenda de Lula inclui encontros com representantes dos governos da Alemanha e da Noruega. Primeiro, com o o ministro norueguês do Clima e Meio Ambiente, Espen Barth Eide, que confirmou a volta de recursos do Fundo Amazônia para o Brasil. A Noruega manifestou no dia seguinte à eleição de Lula interesse e voltar a investir em políticas de preservação ambiental no país.

Em seguida, a Lula ainda teria encontro com a ministra de Relações Exteriores da Alemanha, Annelena Baerbock. O país é também importante financiador do Fundo Amazônia. Tanto noruegueses quanto alemães querem ouvir pessoalmente do presidente eleito brasileiro uma ratificação dos compromissos de retomada de política ambiental de cumprimento das metas de redução do desmatamento. As informações são do colunista do portal UOL Jamil Chade.

O fundo – suspenso pela Noruega e Alemanha em 2019, em meio à alta do desmatamento da Amazônia e após o governo do presidente Jair Bolsonaro ser acusado de não agir para conter a destruição – tem congelados US$ 542 milhões (quase R$ 3 bilhões), que deveriam ser usados para a proteção da floresta.

Maior doadora do fundo, a Noruega chegou a repassar US$ 1,2 bilhão entre 2008 e 2018 para o Brasil prevenir, monitorar e combater o desmatamento na Amazônia. A Alemanha, que era o segundo maior doador, também suspendeu os repasses, como informa o Brasil de Fato.

Ovacionado na COP27

Desde que Jair Bolsonaro (PL) assumiu a presidência, o Brasil abandonou políticas de proteção ambiental. A cada ano, os indicadores da devastação pioraram progressivamente. O Brasil seria sede de uma COP25, em 2019, mas Bolsonaro desistiu de receber o evento. Além disso, levou o país à condição de pária internacional em relação à questão ambiental. Com o retorno de Lula, a expectativa do mundo é de que o Brasil retome seu papel de líder internacional sobre o tema.

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A França considera o Brasil um “sócio essencial na América Latina”, afirmou na terça-feira a secretária de Estado para a Europa, Laurence Boone, como aponta reportagem da agência internacional AFP.

A imprensa francesa destacou nos últimos dias as boas expectativas em torno de Lula. O jornal econômico Les Echoes descreveu que Lula “foi ovacionado como uma estrela de rock” no evento. Nesse sentido, um dos maiores periódicos do país, o Le Monde, destacou o “imenso fervor” da recepção ao petista.

Mesmo o conservador Le Figaro teceu críticas a Bolsonaro. “Desmatamento e os incêndios devastaram a maior floresta do mundo após quatro anos de governo de Jair Bolsonaro”, afirma. Em contrapartida, com Lula, Brasil “tem expectativa de deixar para trás a imagem de pária ambiental”.