Entrevista

Em Davos, Marina consolida volta do Brasil à liderança do debate ambiental

O presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, Carlos Bocuhy, diz que os parâmetros defendidos pela ministra do Meio Ambiente são essenciais: asseguram o compromisso com a sustentabilidade, preservação da Amazônia e cobram os ricos a pagarem o que devem

Twitter/Marina Silva
Twitter/Marina Silva
Marina assegurou que o Brasil está comprometido em zerar o desmatamento, proteger os povos indígenas e fazer da sustentabilidade uma política transversal

São Paulo – Os compromissos do Brasil com a preservação da Amazônia e a cobrança dos países ricos pela ministra do Meio Ambiente e da Mudança Climática, Marina Silva, em Davos consolidam a volta do país à liderança do debate ambiental, segundo o ambientalista Carlos Bocuhy. A avaliação foi feita hoje (18) por ele, que é presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), em entrevista ao jornalista Rafael Garcia, da Rádio Brasil Atual.

Aplaudida no Fórum Econômico de Davos, Marina assegurou nesta segunda-feira (16) que o Brasil está comprometido em zerar o desmatamento, proteger os povos indígenas e fazer da sustentabilidade uma política transversal. Ou seja, prioridade em todos os ministérios. Além disso, cobrou o compromisso das nações desenvolvidas de repassar às nações em desenvolvimento recursos para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

“Os parâmetros defendidos por ela são essenciais. Em primeiro lugar, reafirma a democracia no país como elemento de estabilidade e coloca metas da preservação da Amazônia, que são a grande cobrança internacional. O Brasil tem um débito de descumprimento desde a Conferência de Paris’, disse Bocuhy.

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Brasil precisa de investimentos para proteger a Amazônia

O ambientalista também elogiou a postura de Marina Silva em Davos ao cobrar que os países ricos paguem suas dívidas com os mais pobres, maiores vítimas das consequências das mudanças climáticas. “É corajosa sua atitude de cobrar do mundo os 200 bilhões de dólares – não são 100 bilhões – conforme foi debatido na última conferência. Os países vulneráveis têm de ser auxiliados, para que possam reduzir seu sofrimento diante das mudanças climáticas”, disse.

Na 21ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP21), em Paris, um dos acordos foi a transferência de 100 bilhões de dólares para os países pobres. “Mas a necessidade é maior, o dobro, e representa cerca de 3% do gasto global com questões militares”, disse Bocuhy.

O ambientalista destacou ainda que a proteção da Amazônia, de interesse do planeta devido à sua importância para o equilíbrio climático e hídrico, é extremamente cara. Conforme lembrou, a região enfrenta altos índices de criminalidade, que se utiliza de muitos quilômetros de estradas clandestinas, além de milhares de campos de pouso clandestino.

“São necessários recursos para combater essa criminalidade, para a fiscalização, fortalecer ação da polícia federal, ações junto à Interpol. Afinal, tem dinheiro de paraísos fiscais financiando essas operações. É preciso também equipar órgãos ambientais nos estados e municípios para fiscalização com inteligência. E também mudar os rumos na Amazônia para uma bioeconomia baseada nos recursos da natureza”.

Confira a íntegra da entrevista