CPI da Sabesp vai ouvir a população sobre falta de água nos bairros

Parlamentares também decidiram pela prorrogação dos trabalhos por mais 120 dias e ainda evitam agir sobre declarações do vereador Andrea Matarazzo

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Proposta é fazer as atividades em escolas ou subprefeituras, no período noturno ou nos finais de semana

São Paulo – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o cumprimento do contrato da Sabesp com a cidade de São Paulo, na Câmara Municipal paulistana, decidiu hoje (22) que vai realizar audiências públicas nos bairros que estão sofrendo falta de água para ouvir a população. “Nós estamos ouvindo os representantes da empresa, os especialistas, então temos de ouvir a população também”, defendeu o presidente da comissão, vereador Laércio Benko (PHS), autor do requerimento que propôs a medida.

Embora não tenha ainda definição do formato, a proposta é fazer as atividades em escolas ou subprefeituras, no período noturno ou nos finais de semana. “Infelizmente, não podemos esperar que o cidadão venha à Câmara Municipal em uma quarta-feira, as 10h. Temos de encontrar uma forma de garantir esse espaço”, completou Benko.

No último dia 8, em depoimento na comissão, a presidenta da Sabesp, Dilma Pena, admitiu que está havendo falta de água na capital, mas continuou negando a prática de racionamento. Ela disse que a redução de pressão pode fazer com que a água não chegue em alguns lugares. A situação já havia sido admitida pelo secretário estadual de Recursos Hídricos, Mauro Arce, no fim de setembro. Mesmo assim, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi a público desmentir a informação.

Os parlamentares também aprovaram requerimento de prorrogação dos trabalhos da comissão por 120 dias. Embora a comissão tenha funcionamento regimental até 15 de dezembro, Benko avalia que o pedido antecipado ajuda a evitar tensões, já que deve ser referendado no plenário. “A casa tem até 30 dias para aprovar e poderá fazer isso com calma.”

O vereador José Police Neto (PSD), membro da comissão, cobrou de seus pares um posicionamento quanto às falas do parlamentar Andrea Matarazzo (PSDB), que disse que os trabalhos da comissão eram “teatrinho” e chamou Police Neto de “vagabundo”, em conversa com a presidenta da Sabesp. “Cabe aos nossos líderes institucionais provocarem a corregedoria a tomar uma atitude e não permitirem que tais ofensas voltem a ocorrer”, defendeu Police Neto.

O presidente da comissão julgou que o pedido de desculpas de Matarazzo foi suficiente e que a comissão não deve se pronunciar. “Eu me sinto particularmente contemplado pelas desculpas. Mas se o vereador acredita que devemos fazer algo, pode apresentar um requerimento na próxima semana”, disse Benko. Segundo ele, até agora a corregedoria da casa, coordenada pela vereadora Sandra Tadeu (DEM), não tomou qualquer atitude.

O parlamentar lamentou o posicionamento de Benko e do presidente da Câmara, vereador José Américo (PT), de não reagir ao ocorrido. “Quando eu era presidente da casa levei três casos semelhantes ao plenário. O regimento prevê a conduta para essa situação e deve ser cumprido. É só o que eu quero”, declarou Police Neto. O vereador pretende apresentar um requerimento na comissão na próxima semana e disse que vai cobrar um posicionamento do presidente da casa.

Police Neto levou para a audiência da CPI os registros de citações na imprensa sobre as ofensas de Matarazzo. “A repercussão da fala dele foi apurada em 126 veículos impressos, 974 portais de notícias, 263 rádios e 18 TVs, além 20 veículos de comunicação no exterior”, relatou. O próprio vereador pode comunicar a corregedoria sobre o caso. Matarazzo pode até ser cassado por quebra de decoro parlamentar.

 

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