Futuro em risco

Desmatamento na Mata Atlântica teve crescimento de 27% entre 2018 e 2019

Fundação SOS Mata Atlântica aponta ‘sinal verde’ do governo federal para crescimento no desmate

EBC
EBC
Estudo mostra que 14.502 hectares foram desmatados entre 1º de outubro de 2018 e 30 de setembro de 2019, comparados a 11.399 no mesmo período entre 2017 e 2018

São Paulo – Apenas 12% da área original da Mata Atlântica restou no Brasil. De acordo com o relatório da Fundação SOS Mata Atlântica, divulgado nesta quarta-feira (27), o desmatamento na região cresceu 27%, entre 2018 e 2019, revertendo uma tendência de queda que vinha desde 2016. Entre 2017 e 2018, houve uma redução de 9,3% em comparação com o período anterior.

O estudo mostra que 14.502 hectares foram desmatados entre 1º de outubro de 2018 e 30 de setembro de 2019, comparados a 11.399 no mesmo período entre 2017 e 2018. Mário Mantovani, diretor de políticas públicas da entidade, ressalta a preocupação em relação aos dados.

“O desmatamento está crescendo e é um alerta à sociedade, porque quem está atrás disso é o crime, e que teve sinal verde do presidente Jair Bolsonaro“, afirmou, em entrevista aos jornalistas Glauco Faria e Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.

Ainda de acordo com o relatório, a maior área destruída foi em Minas Gerais, com 4.972 hectares, seguindo-se aa Bahia, com 3.532, e Paraná, com 2.767. Mantovani afirma que estes estados possuem um histórico negativo de desmate e já ocupavam os primeiros postos, no ano passado.

“Minas usa a floresta para fazer carvão, o que é um crime maior ainda porque há situações de utilização do trabalho infantil. No Paraná, é o clássico caso dos proprietários tentando destruir o que resta de Araucária, que possui só 1% da Mata Atlântica”, lamentou.

Processo contra Salles

No início de maio, o Ministério Público Federal (MPF) e a SOS Mata Atlântica entraram na Justiça com uma ação civil pública pedindo a anulação do despacho do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que ignorava a lei da Mata Atlântica.

A decisão de Salles abriu caminho para a suspensão de processos, multas e embargos de desmatamentos ilegais ocorridos nessas propriedades. Para Mantovani, a cada dia fica mais explícita a vontade do ministro em prejudicar a preservação ambiental.

“O ministro do Meio Ambiente quer acabar com a legislação ambiental. Como não temos mais como nos comunicar com Brasília, porque acabou o ministério, tivemos que entrar na Justiça. Além de darem uma anistia, desobrigaram a recuperar a área desmatada. É um despacho que vira um desarranjo nacional”, criticou.

O vídeo da reunião do dia 22 de abril entre o presidente Jair Bolsonaro e seus ministros escancarou a relação do governo federal com a área ambiental. Em um dos trechos, o ministro Ricardo Salles declarou que governo precisaria aproveitar pandemia do coronavírus para desmontar de vez a regulação do setor. “Precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de covid, e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”, defendeu.

Ouça: