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Projeto busca reflorestamento de Mata Atlântica no interior de São Paulo

Educador ambiental Guaraci Diniz fala sobre método de recuperação da vegetação e participará de conferência internacional

Sítio Duas Cachoeiras
Sítio Duas Cachoeiras
O uso de drones para catalogação de florestas ajuda a compreender sua biodiversidade, acompanhar a saúde das árvores e monitorar o desenvolvimento da mata – tarefas cada vez mais necessárias em um cenário em que o desmatamento da Amazônia só aumenta

São Paulo – A floresta nativa da Mata Atlântica, um dos biomas ameaçados do Brasil, está em processo de reflorestamento na cidade de Amparo, interior de São Paulo. O trabalho é desenvolvido pelo Sítio Duas Cachoeiras, em parceria com o Grupo de Ações e o Jardim Botânico Araribá.

O projeto será tema de debate, nesta quarta-feira (24), durante a conferência “Reflorestamento para a biodiversidade, captura de carbono e meios de subsistência”, apoiada e organizada por entidades internacionais, como a Royal Botanic Gardens, Kew e Botanic Gardens Conservation International (BGCI).

O agroecologista e educador ambiental Guaraci Diniz, que está à frente do projeto, falará dos acertos, objetivos e seus métodos de trabalho. Sua palestra será sobre “Árvores certas no lugar certo – nativas versus exóticas”.

“A gente tem uma parceria com o BGCI e eles têm dado apoio. Essa região de São Paulo é considerada Mata Atlântica, e teve 95% de sua vegetação destruída. O projeto está inserido na declaração da ONU sobre esta ser a década da restauração dos ecossistemas. Nós estamos trabalhando com alguns nomes para restauração: cedro-rosa, tartaré, pau-Brasil, jequitibá rosa, cedro do brejo e o jacarandá da Bahia. Nós vamos reintroduzir essas árvores nessa área em busca desse equilíbrio”, afirmou à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.

Método de reflorestamento

O método adotado por Guaraci é um dos exemplos diferenciados em termos de reflorestamento de mata atlântica nativa. Ele explica que, apesar de comum, nem sempre é o ideal introduzir na mesma área, ao mesmo tempo, espécies arbóreas pioneiras, secundárias iniciais e tardias.

“Existem árvores pioneiras que sustentam naquele lugar, dando materiais orgânicos para árvores secundárias. Elas duram até 40 anos e dão sua energia para outras. Não dá para plantar todas juntas porque há árvores que precisam da sombra das pioneiras para não morrer. Então, nós começamos a plantar as árvores certas no local certo para seguir o ciclo da natureza”, explicou.

De acordo com ele, a “ajuda” no reflorestamento natural ao longo do processo se deu pela introdução de árvores fornecedoras de alimentos para animais silvestres, típicos daquela região, que, conforme a floresta se regenerava, começavam naturalmente a aparecer na área.

Com esse reflorestamento, Guaraci brinca que é possível “plantar água”. “A primeira situação que enfrentamos (no interior) aqui foi a falta de água. A partir do momento que temos uma área cheia de árvores, a água não bate na terra e escorre para os lados. Quando você tem uma estrutura vegetal, ela se infiltra nas folhas e raízes, criando o lençol freático e nascentes”, explicou.