Documentário mostra ex-desmatadores que optaram pela preservação

São Paulo – Entre uma e outra polêmica sobre as mudanças que estão sendo propostas ao Código Florestal, um documentário sobre a vida de agricultores familiares mostra que é possível […]

São Paulo – Entre uma e outra polêmica sobre as mudanças que estão sendo propostas ao Código Florestal, um documentário sobre a vida de agricultores familiares mostra que é possível optar por viver e produzir de maneira sustentável a partir da valorização das florestas. Filmado no Mato Grosso, o documentário “A resposta da terra” aborda a vida de centenas de assentados, entre médios e pequenos agricultores, que há quase uma década apostaram na ideia de deixar a abertura de novas áreas de lado e recuperar parte da vegetação de suas terras para preservar e gerar renda.

Na região das bacias dos rios Araguaia e Xingu, os agricultores contam como passaram de desmatadores a pioneiros na restauração florestal da região. “Hoje eu vejo que é um crime o que está ocorrendo. Se o povo antigo tivesse começado a cuidar quando eu era menino, e eu tenho mais de 60 anos, a gente não tinha esses problemas de aquecimento global, a gente tinha mais chuva, porque a gente ia ter mais mata”, diz Laércio Mariano, um dos entrevistados do documentário, morador do assentamento Jaraguá, em Água Boa (MT).

Num momento de rediscussão do Código Florestal, em que os parlamentares planejam anistiar desmatadores e rever o tamanho das áreas de preservação, “A resposta da terra” mostra que incentivar a restauração da vegetação é essencial para a viabilidade da propriedade, e pode ser mais uma fonte de renda para o produtor.

“’A resposta da terra’ é um reconhecimento a todos os pequenos heróis que estão tentando no seu dia a dia reverter esse processo de destruição da maior floresta do mundo. Essas pessoas mostram que com poucos incentivos é possível uma mudança na maneira de produzir e ocupar a terra, associando floresta e desenvolvimento. Estão dando uma mensagem clara ao Brasil e ao mundo. E a Amazônia está cheia desses exemplos, basta querermos ouvir mais essas pessoas no intuito de repensar e aprimorar uma política de incentivos”, diz Carlos García Paret, animador da Articulação Xingu Araguaia (AXA), pelo Instituto Socioambiental e produtor executivo do filme.

Ivo Cesário, morador de Canarana (MT), vive hoje exclusivamente da coleta de sementes, que depois são vendidas para a Rede de Sementes de Xingu. “Se 20 anos atrás me falassem para coletar sementes, eu nunca ia acreditar que seria preciso e que seria possível viver disso. Hoje, com 46 anos de idade, eu vivo do Cerrado e da floresta, com a coleta de sementes”, conta o ex-pintor.

Ao todo, essas iniciativas propostas pelas instituições que compõem a AXA, já somaram mais de R$ 1 milhão de renda para assentados, pequenos produtores e indígenas. No campo da restauração ecológica, mais de 2,5 mil hectares entraram em processo de recuperação. “São projetos inovadores, que trazem novas perspectivas para pessoas que conheciam apenas o modelo da monocultura e devastação”, afirma Rodrigo Junqueira, coordenador adjunto do Programa Xingu, do ISA.

Fonte: Instituto Socioambiental (ISA)

 Assista o documentário: