Sanha privatista

Funcionalismo e trabalhadores do Metrô, CPTM e Sabesp fazem greve contra privatizações de Tarcísio em São Paulo

Governador quer privatizar a Sabesp a toque de caixa, mesmo com a população contra. Trabalhadores pretendem parar na terça-feira

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As categorias que sinalizaram pela greve estão em áreas como transporte, educação, saúde e saneamento

São Paulo – Na próxima terça-feira (28), trabalhadores do serviço público estadual, além de funcionários do Metrô, da CPTM e Sabesp farão greve contra a política de privatizações do governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Também está prevista manifestação em frente à Assembleia Legislativa. O objetivo é protestar contra a proposta de privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e corte de verbas na educação.

Na segunda (27), a partir das 16h, as categorias farão assembleia diante da Câmara Municipal, no centro de São Paulo. No dia seguinte, está previsto ato na Assembleia Legislativa, às 15h.

Tarcísio encaminhou à Assembleia, em outubro, o Projeto de Lei (PL) 1.501/2023, em caráter de urgência. Ele quer privatizar a Sabesp a toque de caixa. Surpreendentemente, em pouco mais de um mês, a proposta avançou pelas comissões e está pronta para ser submetida à votação em plenário. Portanto, a mobilização marcada para o dia 28 tem como propósito pressionar os deputados a retirar o PL da pauta de votação.

Sabesp irregular

Além de não ter apoio popular, a entrega da Sabesp para o setor privado sequer respeita os trâmites legais. É o que explica o deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP). “Temos uma tentativa do governador Tarcísio para privatizar a Sabesp na surdina. Pode ir para o Plenário da Alesp na semana que vem. Sem debate na sociedade. Não deveria nem ser projeto de lei e sim PEC porque altera a Constituição do estado de São Paulo de uma forma irregular e atropelada. É importante todos saberem o que está em jogo. Apresento cinco motivos”, afirma.

Boulos lista uma série de argumentos sobre o teor nefasto da sanha privatista do bolsonarista Tarcísio. “Em todos lugares onde privatizou a água, aumentou a conta. A tendência é essa em São Paulo, aumentar em três vezes. Segundo, querem criar a Enel da água. A empresa só quer rentabilidade mas não investe, demite, fica essa precariedade. Terceiro, a empresa dá lucro. Privatizar estatal é quando é ineficiente e dá prejuízo. A Sabesp dá lucro milionário e repassa recurso. Não faz sentido”, disse.

O deputado prossegue. “Quarto lugar, Ricardo Nunes e Tarcísio estão articulados. Pelo acordo deles, São Paulo perde mais de 1,5 bilhão de reais, a cidade. Por fim, estão pautando, Tarcísio e Nunes, a partir de uma perspectiva eleitoreira. Mesmo São Paulo perdendo, Nunes apoiou para que Tarcísio o apoie ano que vem.”

Sem precedentes

A presidenta do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Camila Lisboa, descreveu a mobilização como uma das maiores da história e a mais expressiva do ano. “Quando ocorrem greves, a responsabilidade recai sobre os governantes. Tarcísio conseguiu unir uma quantidade sem precedentes de organizações mobilizadas”, afirmou. “Estamos mais unidos do que nunca. Em 3 de outubro, tivemos uma greve unificada. Em 20 de outubro, o grito da educação ecoou. Agora, unimos nossas forças para fazer do dia 28 de novembro um evento ainda mais marcante.”

Os trabalhadores do sistema metroferroviário de São Paulo demandam a reintegração de oito funcionários demitidos em consequência da greve ocorrida em 3 de outubro, além do fim dos processos de privatização das linhas do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Entre os demitidos pelo governo Tarcísio está Altino Prazeres, membro da executiva da CSP-Conlutas. Em entrevista coletiva, o metroviário afirmou que as demissões representam uma “tentativa de intimidação aos trabalhadores”.

“Pretendemos continuar defendendo o serviço público. Estamos não apenas em defesa da empresa estatal Sabesp, mas também em defesa da população. O governador não pode simplesmente privatizar a maior empresa de saneamento da América Latina. Esta não pode ser uma decisão arbitrária do governador ou de uma assembleia que esteja sob seu controle. Como vimos com a Enel, a população está sofrendo. Com as linhas oito e nove da CPTM, a situação não é diferente”, argumentou.

O Sindicato dos Metroviários propôs ao governador a adoção de catracas livres no dia da paralisação, a fim de evitar transtornos à população. No entanto, ainda não houve resposta do governo. Durante uma paralisação em março, Tarcísio inicialmente indicou sua concordância, mas posteriormente, respaldado pela Justiça, retrocedeu.

Com informações do Brasil de Fato


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