luto

Morre Raquel Trindade, artista plástica e matriarca da cultura negra, aos 81 anos

Filha do poeta Solano Trindade, ela foi responsável pela fundação da Nação Kambinda de Maracatu

Prefeitura de Embu das Artes

Raquel Solano era conhecida também pelo apelido de ‘rainha Kambinda’

São Paulo – Morreu na madrugada deste domingo (15) a escritora, artista plástica, folclorista e dançarina Raquel Trindade, em Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo, aos 81 anos. O enterro será realizado nesta segunda-feira (16). O corpo de Raquel foi velado na tarde de ontem no Teatro Popular Solano Trindade, fundado há 43 anos por ela em homenagem ao seu pai, que em 1950 criou o Teatro Popular Brasileiro. 

O local é uma referência na preservação e promoção da cultura negra e popular. Realiza cursos, oficinas e apresentações de dança afro-brasileira, hip hop, ensaios abertos de coco de Alagoas, maracatu, jongo da Serrinha, jongo mineiro, bumba meu boi, ritmos dos orixás e outros.

Raquel Trindade foi responsável pela fundação da Nação Kambinda de Maracatu. Mesmo sem diploma universitário, foi docente da Unicamp, com o grupo Urucungo, Puítas e Quinjengues [nomes de instrumentos musicais bantos], e era a intelectual responsável pelo curso de extensão Identidade Cultural Afro-Brasileiro, na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Era conhecida também pelo apelido de “rainha Kambinda”, uma referência a nação africana Cabinda, reconhecida por ser matrilinear. Considerada uma griot, mestra guardiã do conhecimento, história e cultura dos povos afro-brasileiras, Raquel é autora do livro Embu: de Aldeia de M’Boy a Terra das Artes, publicado em 2004 e reeditado pela Noovha América Editora, em 2011.

Nas artes plásticas, fez sua primeira exposição individual em 1966 e foi uma das fundadoras do movimento de artes de Praça da República, em São Paulo. Em 2012, recebeu a condecoração no grau de Comendadora da Ordem do Mérito Cultural.

Com informações do Brasil de Fato