Mulheres se mobilizam em Brasília contra retirada de direitos
Marcha conta com a presença de senadoras em oposição ao governo Temer e às reformas trabalhista e da Previdência
Publicado 08/03/2017 - 19h58
Mulheres rechaçam mudanças na Previdência, ‘a única política pública que considera a desigualdade sexual’
São Paulo – Milhares de mulheres participaram nesta quarta-feira (8), em Brasília, de manifestação que percorreu a Esplanada dos Ministérios em direção à Praça dos Três Poderes, em protesto que se repetiu pelo país contra as propostas do governo Temer de reformas trabalhista e da Previdência. Mais cedo, servidoras do Legislativo realizaram ato em conjunto com senadoras e deputadas para marcar o 8 de Março, Dia Internacional da Mulher. “Precisamos gritar naquele parlamento que nós estamos na rua em todo o Brasil. Vamos deixar nossa marca de coragem”, disse a deputada Erika Kokay (PT-DF).
As pautas centrais reivindicadas pelas presentes são relacionadas à reformas propostas pelo Executivo, na figura do presidente Michel Temer (PMDB). “Vamos dizer não à reforma da Previdência que destrói a única política pública que considera a desigualdade sexual no mercado de trabalho. Nós trabalhamos mais do que os homens, ganhamos menos e não vamos permitir que a misoginia que está na raiz desse governo golpista caia sobre nós”, acrescentou a única deputada do Distrito Federal.
“Esses ovários nos pertencem e não aos fundamentalistas. O útero nos pertence e não aos fundamentalistas. É preciso dizer que não é não. Estamos nas rua em nome de todas as mulheres vítimas do sexismo e do machismo. Vamos enfrentar a cultura do estupro que vitima mulheres todos os anos neste país. Vamos dizer que é um direito viver sem violência. Em nome das mulheres que tem medo de voltar para suas casas”, completou seu discurso feminista.
Ainda estiveram presentes as senadoras Gleisi Hoffmann (PT-PR), Fátima Bezerra (PT-RN) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). Ao lado delas, os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Humberto Costa (PT-CE) também acompanharam a marcha.
Representante das mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Ana Moraes lembrou da luta por terra e das trabalhadoras rurais. “Queremos dizer que o campo amanheceu com todas agências de Previdência e prefeituras ocupadas. Nossas mulheres não vão aceitar que o governo golpista mexa em nossos direitos. Estaremos mobilizadas permanentemente. Sem feminismo não há socialismo. A mulher trabalhadora rural vai se aposentar com 74 anos? Isso é impossível, não existe. Queremos dizer que somos trabalhadoras e queremos terra para viver e não para morrer.”