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Ex-ministro teme retrocesso no combate à corrupção com fim da CGU

Para ex-titular da Controladoria-Geral da União, reação de servidores contra extinção do órgão é justificada. 'Por que se apagar o valor simbólico da CGU?', indaga Jorge Hage

reprodução/Facebook/Dilma Rousseff

CGU era marca reconhecida no Brasil e em foros internacionais, afirma ex-ministro

São Paulo – O ex-ministro da Controladoria Geral da União (CGU) Jorge Hage manifestou preocupação com a extinção do órgão e a sua transformação em ministério da Transparência, e que foi palco da queda do segundo ministro do governo interino. “Estamos todos extremamente preocupados com o futuro da transparência e do combate à corrupção”, manifestou Hage, em pronunciamento no perfil oficial da presidenta Dilma Rousseff no Facebook.

Assista ao pronunciamento de Hage

Após protestos de servidores, o ministro da Transparência nomeado pelo governo Temer, Fabiano Silveira, foi derrubado, na última segunda-feira (30), depois de flagrado em conversar aconselhando o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em como proceder em sua defesa frente aos avanços da Operação Lava Jato.

A reação da categoria, dos servidores da CGU, plenamente justificada, é hoje a marca da ameaça da destruição de tudo aquilo que se fez”, comentou o ministro. Ele citou o Portal da Transparência – um dos maiores do mundo, segundo Hage –, a implementação da Lei de Acesso à Informação e de demais legislações de combate ao nepotismo e conflitos de interesses como exemplos de iniciativas que estão em risco após o fim da CGU.

“Por que se apagar o valor simbólico da CGU?”, indaga Jorge Hage. Segundo ele, a marca CGU já vinha sendo conhecida em todo o Brasil, levada pelos auditores do órgão aos 5.600 municípios, e também fora do país. “No exterior, o nome CGU se tornou uma marca conhecida em todos os foros internacionais”, afirma o ex-ministro, elencando organismos como o Banco Mundial, o G-20, que reúne representantes das maiores economias do planeta, e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A implementação da Lei de Anticorrupção (2013) e a expulsão de mais de 5 mil agentes públicos também foram esforços da CGU ressaltados por Jorge Hage. “A preocupação é que todo esse trabalho tenha sido perdido e que se vá, agora, ter um retrocesso também nessa área, um retrocesso em matéria de transparência.”